A maior gafe do mundo

Homenagem a Rômulo Monteiro - Arte: Hugo Carvalho/Folha de Pernambuco sobre foto: Alexandre Aroeira/Folha de Pernambuco
Há duas semanas perdemos um homem do bem. Como sensivelmente escreveu sobre ele o sábio José Nivaldo Jr. Dê licença, amigo, por essa carona. Rômulo Monteiro, de quem tive a honra e um imenso prazer de ser genro, era exatamente assim: do bem! Embora altivo, destemido e firme na hora de se posicionar, era ao mesmo tempo modesto, discreto e generoso com os mais humildes, de quem se aproximava com uma simplicidade ímpar. Amistoso como poucos, era impossível encontrar alguém que convivesse com ele e não nutrisse um carinho especial pela sua pessoa carismática. Era um conciliador. Contador de ótimas piadas e histórias picantes, que repetia sempre que aparecesse um novo interlocutor - os antigos e contumazes ouvintes também serviam como plateia! - sabia agregar a família como ninguém. Aprendeu a usar primorosamente sua churrasqueira para esse fim. As saborosas carnes sempre acompanhadas por sua inseparável cervejinha. Como nada é perfeito, a despeito de várias tentativas, nunca consegui fazê-lo gostar de vinho. Vai ver que agora, lá no céu, está com Cristo, tomando um bom Shiraz, que especulam, era a uva da Santa Ceia. Guarde uma taça dessas para mim, meu sogro! Compreendo, teoricamente pode ser que avinagre, visto não programar minha partida final para tão breve, mas imagino que o vinho divino mantenha sabor eterno! Voltando aqui para a Terra, leitor, até hoje foi a pessoa com maior capacidade de sorver - esse é o melhor verbo - cerveja que já conheci. Trabalhador incansável, ele só se permitia essa farra no sábado à noite e nas domingueiras de sua casa. Mas nesses momentos, valha-me Deus, nossa Senhora! Claro, não raro ficava um pouco “triscado”. E aí sua inerente alegria transbordava. Dia seguinte, nem sinal da volumosa extravagância. Morreu sem saber o que era uma ressaca. Mas a essas alturas você deve estar perguntando: e a gafe do título, onde entra nessa história? Uma ocasião, ao ouvir certa esposa relatar os disparates do marido, que entornara todas, saiu-se com essa pérola: “se aproveitar da bebedeira pra contar essas histórias é a maior gafe do mundo!” Certamente legislando em causa própria! E por todos nós! Fará uma falta irreparável, Dr. Rômulo. Por enquanto, a distância, o senhor com cerveja e eu com vinho, tim, tim, brinde à vida (eterna).
 
EM DESTAQUE
Justa e honrosa homenagem A lusitana Revista de Vinhos, de grande destaque em todo mundo, elegeu Licínio Dias, que se foi tão precocemente, a personalidade enológica do ano 2020 no Brasil. Foi uma destacada e merecida honraria.

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