Em entrevista ao UOL, João Campos fala sobre aproximação entre Raquel Lyra e Lula
O prefeito do Recife também fez uma análise sobre o governo Lula
O prefeito do Recife e presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), João Campos, disse, em entrevista ao portal de notícias UOL, neste domingo (15), que vê com "tranquilidade" aproximação entre a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Durante a sua gestão, Raquel demonstrou estar alinhada com Lula. Na disputa pelo governo estadual em 2026, a atual governadora deve ser a principal adversária de Campos, que possivelmente deixará a prefeitura para se candidatar ao pleito.
"O PSB já se posicionou de forma clara que terá candidatura em 2026 (em Pernambuco), assim como nós apoiamos o presidente Lula em 2022. Nós temos o vice-presidente da República e tem uma aliança histórica no estado construída entre os nossos partidos. Então, eu vejo isso com muita tranquilidade", afirmou o prefeito.
"Eu vejo que o presidente Lula não está preocupado em eleição nesse momento. Ele está preocupado em governar o país. Então, eu acho que o tempo desse momento, principalmente do presidente Lula, é um tempo de governar e de tratar bem as pessoas, porque ele é uma pessoa civilizada", reiterou João Campos.
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Governo Lula
Na entrevista ao UOL, Campos também analisou o atual momento do governo Lula. Ele destacou que o governo "é melhor do que as pessoas têm percebido".
A pesquisa Datafolha, divulgada na última quinta-feira (12), apontou que 40% dos entrevistados avaliam a gestão do governo Lula como ruim/péssima, 28% acham ótima/boa e 31%, regular.
De acordo com o UOL, isso ocorre mesmo com indicadores positivos, como desemprego baixo e crescimento da economia superando as expectativas do mercado financeiro.
"O governo tem feito mais do que as pessoas têm percebido, em vários setores. Do agro, por exemplo, no qual você vê a quantidade de mercados que estão sendo abertos para exportação, no estímulo ao livre comércio e que fortalece crédito agrícola, plano safra, e tudo isso não canaliza [apoio ao governo]", disse João Campos
"Não é só uma tarefa de comunicação. Isso é comunicação, gestão e política, o tripé de qualquer governo. Eu acho que, em cada uma dessas áreas tem pontos assertivos e pontos a serem corrigidos", destacou Campos.
Centro
Ainda de acordo com João Campos, para vencer a disputa pela reeleição do ano que vem, Lula precisará ter apoio dos partidos de centro.
"O desejo é poder construir uma frente ampla e se aproximar do centro. Eu tenho batido muito nessa tecla, porque, se você pegar a posição mais extrema à esquerda e a mais extrema à direita, elas são minoritárias. A maioria do Brasil não está nem com uma ponta de um lado, nem com uma ponta do outro. Então ganhará quem fizer o debate correto com o centro. Não significa que você tem que convencer o centro de tudo. Não. Mas significa que você tem que ter uma agenda que o centro se sinta representado", avaliou o prefeito do Recife.
Ele destacou que "se a esquerda não fizer, a direita fará".
"E, enquanto partido, enquanto presidente nacional do PSB, eu vou fazer esse debate para a gente ter um partido mais amplo, um partido que tem posições firmes, tem posições coerentes, mas é um partido que seja acolhedor. Porque fazer política é construir maioria. Vencer a eleição é construir maioria."
"'Ah, mas os partidos de centro não estão fáceis no momento para essa conversa.' O principal é trazer primeiro a sociedade. Depois, os partidos vêm."
Prioridades
Segundo João Campos, o governo Lula precisa comunicar melhor os feitos de sua gestão.
"Nós temos que escolher as prioridades e tentar fazer com que isso chegue de maneira clara nas pessoas. Por exemplo, você tem um número de milhões de pessoas que saíram da insegurança alimentar. Isso é uma grande marca de governo que as pessoas muitas vezes não sabem. Você tem padrões da economia positivos, você tem um número de desemprego que é o menor de uma série histórica. Você tem o crescimento da economia superando a expectativa, você tem isso chegando na ponta", comentou o prefeito do Recife.
"As pessoas percebem isso, mas não entendem como uma ação de governo. Então, eu acredito que tem tempo para fazer chegar isso e fazer essa conexão com o povo. Não adianta só você fazer, as pessoas precisam reconhecer que você está fazendo", disse Campos.
Proatividade
Na entrevista ao UOL, João Campos defendeu, também, que o governo Lula precisa sair da defensiva contra a oposição para ditar a própria agenda.
"O governo tem que construir a agenda, né? Eu acho que precisa ser mais proativo na construção de agenda, pra não ficar refém da agenda do que a oposição coloca. Quem faz a agenda é o governo. Você não precisa ir pelo caminho que seu adversário lhe convida. Então, você tem que fazer ao contrário, é convidar ele para o seu caminho. Então, se a gente leva para um debate mais racional, um debate mais técnico, um debate de coisas concretas, a chance de sair vitorioso é maior", afirmou.
Ele reiterou que o debate do combate à fome, por exemplo, precisa ser traduzido em uma ação de comunicação.
"Você tem programas como o Pé de Meia, Nova Indústria Brasil. Eu, por exemplo, estava numa ação lá no Nordeste, teve um lançamento de R$ 10 bilhões de crédito para a industrialização do Nordeste. Então, isso, para o Nordeste brasileiro, tem que ser dito", analisou João Campos.
"Tem que ter uma agenda concreta. As pessoas querem uma agenda concreta. E eu acredito que a maioria da população não quer uma agenda polarizada. As pessoas querem coisas que resolvam e melhorem a vida delas", reiterou.



