Mudança de discurso sobre vacina é estratégia política, avaliam cientistas políticos

Governo de São Paulo

O governo federal mudou o tom ao que se refere às vacinas contra a pandemia da Covid-19 e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a dizer que o Brasil é o sexto País que mais vacinou no mundo. Não é mera coincidência a mudança no discurso ,uma vez que, a realidade impôs ao chefe do Executivo uma nova postura em relação que não fosse a negacionista. Cientistas políticos avaliam que a nova postura do presidente é extremamente política e uma forma de fazer cair no esquecimento o seu histórico de manifestações contrárias à vacinação.

O estrategista eleitoral e mestre em Ciência Política pela USP, Vitor Diniz, afirmou que a fala do presidente é simplesmente política, para que não pareça que o Brasil demorou procurar a vacina, já que durante alguns meses o governo e o próprio presidente tenham construído um discurso anti-vacina. “Foi a forma que ele encontrou de no discurso mostrar que estava, sim, lutando pela vacina e que o País não está atrasado em relação a outros países. É um discurso político porque o principal adversário dele no momento é o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que tem falado sobre a vacinação todos os dias”, destacou Diniz.

Diniz também destacou o viés político, porém lembrou que  Bolsonaro precisava voltar a ganhar protagonismo positivo, principalmente no que diz respeito à economia. “Ele viu que para a economia voltar a crescer, para o Brasil voltar a crescer, a vacinação em massa é fundamental”, disse.

Já na opinião da cientista Priscila Lapa, o chefe do Executivo sabe que dentro da sua estratégia retórica, os recursos para viabilizar as vacinas estão concentrados nas mãos do governo federal. “Ele não vai tratar como uma política do Estado, mas como algo doméstico, que ele cuidou pessoalmente. Isso faz parte do seu personalismo. Da retórica negacionista à apologia, para ele o que importa é  estar no centro de tudo”, disse.

Lapa ainda ressaltou que todas as movimentações do presidente Bolsonaro têm a ver com estratégia de popularidade e ao ver que o governador Doria ganhou protagonismo ele precisou se reinventar. “Ele, obviamente, enxergou que a popularidade de Dória subiu quando ele resolveu o nó da vacina no Brasil. Ele percebeu a movimentação do mercado financeiro em torno do tema vacina. Ele percebe a queda da popularidade, por mais que ele desdenhe da imprensa. Então, essa mudança está muito bem calcada nessa questão”, opinou a cientista política.

Para o cientista político Alex Ribeiro, a prática do negacionismo no governo Bolsonaro continuará e o método será medido entre o discurso ideológico e a sua popularidade.

“O governo sabe que um plano de vacina eficaz é a saída para a melhoria econômica do país. O negacionismo, o embate com a ciência, e os conflitos com o governador João Dória são estratégias de cunho ideológico. Métodos arriscados que poderiam custar a sua popularidade. E as últimas pesquisas traçam esse cenário. Com menor apoio popular ele molda seu discurso. Essa será a estratégia do governo”, pontuou.

Por outro lado, o cientista político Antônio Lucena ressalta que o negacionismo atingiu o limite porque chegou naquela discussão da obrigatoriedade da vacina, enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, e vários países vêm dizendo que só a vacinação em massa colocaria a economia para os eixos.

“A realidade dos fatos se impôs,   ao mesmo tempo que cresce uma pressão pelo impeachment”, complementou.


Declarações de Bolsonaro

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