"Parece que tudo está errado e você não pode culpar só uma pessoa", diz João Campos, sobre chacina no Rio
Prefeito do Recife afirma que estado precisa recuperar o território através de ações integradas
O prefeito do Recife, João Campos (PSB), que estará no Rio de Janeiro nesta terça-feira (4), disse ter sido muito grave e lamentou a megaoperação contra integrantes do crime organizado, na qual 121 pessoas acabaram assassinadas no último dia 28. Cobrou ações do estado, alegou que todos são responsáveis e disse ser hora de pensar no dia seguinte.
"O que aconteceu no Rio é algo muito lamentável em todos os sentidos... É uma situação em que parece que tudo está errado. Você não pode culpar uma única pessoa, nenhuma única ação". argumentou o prefeito, acrescentando que não pode se tolerar que o território não seja dominado pelo estado brasileiro.
Para João Campos, o estado não pode perder território, nem deixar ser dominado pelo crime organizado. E reconhece a necessidade de usar a força em alguns momentos.
"Não tem como você restabelecer um território se você não tiver uma capacidade de utilizar inclusive a força dentro do que manda a lei, do que manda todas as normativas", alertou o prefeito, após participar da inauguração do painel em homenagem a Naná Vasconcelos, no Bairro do Recife.
O gestor acredita que apenas recorrer ao uso da força não seja suficiente para que o estado restabeleça o domínio do território.
"É necessário desenvolver ações integradas. E isso tem que passar pelo fortalecimento das polícias, pela capacidade de equipar, de investigar, de prender, de rastrear o dinheiro, de atacar a rentabilização do crime, da urbanização", alegou.
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Depois da megaoperação, alerta o prefeito, é preciso programar os próximos passos, definindo o que será feito nos dias subsequentes para garantir o funcionamento do território em favor da população
"O que vai ter no dia seguinte? e na semana seguinte? Você vai ter a permanência das forças? vai ter uma série de intervenções urbanísticas na área? Vai ter a presença da educação, da cultura, da integração? Então, você precisa ter várias frentes montadas", recomendou João Campos que é também presidente nacional do PSB..
Alvo de críticas
O partido, aliás, tem sido alvo de críticas de entidades defensoras dos direitos humanos depois da chacina no Rio de Janeiro. Elas alegam que o PSB destituiu advogados da ação que pretende controlar a letalidade policial no Rio, a chamada Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das Favelas, apresentada pelo partido ao Supremo Tribunal Federal (STF), em 2019.
Os advogados Ademar Borges, Daniel Sarmento, Eduardo Adami e João Gabriel Pontes teriam sido afastados depois de pedirem ao STF que autoridades federais investiguem um possível descumprimento da ADPF na megaoperação contra o Comando Vermelho.
Cúpula do Rio
João Campos participa nesta terça (4) da Cúpula Mundial de Prefeitos da C40, como representante da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) da qual é vice-presidente de Relações Institucionais.
O encontro - ciceroneado pelo correligionário e presidente da FNP, o prefeito do Riio de Janeiro, Eduardo Paes - marca a abertura do Fórum de Líderes Locais e vai reunir chefes de governo de,metrópoles como Londres, Paris, Bogotá e Nova York.
O fórum coloca os líderes locais no centro das negociações globais, apresentando soluções escaláveis lideradas pelas cidades A ideia é discutir metas para reduzir as emissões e adaptação climática. O encontro é um preparatório para a COP 30 que acontecerá este mês, em Belém (PA),.



