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Concursos Públicos: como lidar com o TDAH nos estudos

Transtorno afeta atenção, organização e motivação, mas pode ser contornado com apoio psicológico

Psicológo dá dicas valiosas para concurseiros com TDAHPsicológo dá dicas valiosas para concurseiros com TDAH - Freepik

Candidatos com Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) enfrentam obstáculos específicos durante a preparação para concursos públicos. Além das exigências normais de organização e disciplina, esses concurseiros precisam lidar com dificuldades de concentração, procrastinação e esgotamento mental.

Para entender melhor os impactos do transtorno nos estudos e como lidar com eles, o psicólogo Pedro Tomaz explicou os principais desafios e estratégias recomendadas.

Entre os maiores entraves para quem tem TDAH estão a baixa atenção sustentada, a tendência à procrastinação e a dificuldade com a memória de trabalho. Segundo o psicólogo, esses fatores comprometem diretamente a absorção de conteúdo e a constância nos estudos.

“Manter o foco por longos períodos, organizar uma rotina realista e evitar distrações são tarefas muito mais difíceis para quem tem TDAH, especialmente quando as tarefas exigem esforço prolongado ou não despertam interesse imediato”, afirmou Tomaz.

O transtorno também interfere na motivação. Em muitos casos, se a matéria não parecer relevante no curto prazo, o estudante tende a se desengajar, mesmo sabendo da importância daquele conteúdo para a prova.

Estratégias 
Apesar das dificuldades, é possível adaptar a rotina de preparação. O especialista recomenda que os candidatos com TDAH estabeleçam uma rotina clara com o uso de agendas, aplicativos ou planners visuais, além de métodos como Pomodoro — ciclos curtos de estudo com pausas programadas.

Ter um ambiente sem distrações, praticar atividades físicas, dormir bem e manter uma alimentação equilibrada também são hábitos que favorecem a atenção e o controle emocional, essenciais para quem convive com o transtorno. 

Procrastinação 
A procrastinação no TDAH não é simples preguiça, mas um reflexo da dificuldade com recompensas atrasadas e da regulação emocional. Além disso, há o risco do hiperfoco — quando o estudante mergulha intensamente em um só tema, deixando de lado outros conteúdos e se esgotando mentalmente.

“Esse mergulho em um único tópico pode parecer produtivo no início, mas acaba gerando sobrecarga e frustração quando a energia se esgota e ainda restam matérias por revisar”, explicou o psicólogo.

Psicoterapia
Segundo Pedro Tomaz, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) pode ajudar bastante na criação de rotinas personalizadas e no controle da ansiedade. Acompanhamento psiquiátrico também pode ser necessário em alguns casos.

“A terapia contribui para organizar os estudos, controlar a ansiedade, lidar com a frustração e reforçar a autoestima. O mais importante é respeitar o próprio ritmo e buscar apoio quando necessário”, afirmou.

Prova
O ambiente da prova pode ser um desafio extra. A pressão do tempo e a necessidade de foco contínuo são gatilhos de ansiedade e desatenção. Para minimizar isso, o especialista recomenda simular a experiência da prova em casa, preparar tudo com antecedência e usar técnicas de respiração e relaxamento.

Em casos mais severos, é possível solicitar adaptações nos concursos, como tempo adicional, com base na Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) e no Decreto nº 9.508/2018.

“É preciso apresentar um laudo que comprove o diagnóstico e a gravidade do transtorno, mas o direito às adaptações existe para garantir igualdade de condições durante a prova”, reforçou Tomaz

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