Postura defensiva como obstáculo
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No universo corporativo, muito se fala sobre competências técnicas, inovação e performance. Mas, quando a crise bate à porta ou quando surge um problema que impacta a estratégia da empresa ou incide em perdas financeiras, é que se revela a verdadeira essência e maturidade das lideranças. E, infelizmente, ainda vemos muitos líderes adotando uma postura defensiva, explicando o inexplicável e mais preocupados em se eximir da responsabilidade do que em contribuir para a solução.
É curioso observar como, em situações críticas, algumas lideranças se afastam do espírito coletivo. Ao invés de exercerem seu papel de forma colaborativa e estratégica, optam por uma postura pouco profissional, marcada pela falta de solidariedade entre pares e até com os próprios integrantes das equipes. O foco passa a ser “de quem é a culpa” e não “como resolvemos isso juntos?”. A tentativa de se proteger, de não se livrar do erro, revela uma visão limitada do papel da liderança.
Coletividade
Empurrar o problema para o outro não é apenas improdutivo — é contraproducente. A empresa, enquanto organismo coletivo, funciona de forma interdependente. Se há um problema que respinga em um setor, cedo ou tarde ele atingirá os demais. Portanto, todo e qualquer desafio, mesmo que toque apenas parte de uma organização, deve ser encarado como uma responsabilidade compartilhada. Quem compreende isso, lidera de fato.
É preciso lembrar que a liderança estratégica não é apenas aquela que toma decisões importantes, mas aquela que sabe agir de maneira preventiva, analítica e colaborativa. Ela se antecipa e intercede quando a luz amarela acende. Mesmo que não seja diretamente responsável por determinado erro, ela se sente corresponsável e busca, com empatia, profissionalismo e respeito à hierarquia, o caminho da solução.
Adotar uma postura defensiva — aquela que se esquiva, acusa ou minimiza o problema — é abrir mão do protagonismo. É ignorar o impacto que o próprio comportamento tem sobre os pares, sobre a equipe e sobre os resultados. A verdadeira liderança se constrói com presença, com escuta ativa, com capacidade de se mostrar parte do problema não para absorver a culpa, mas para contribuir com a solução. O problema está ali, agora é resolver e depois, rever processos e procedimentos para não mais acontecer.
Compromisso
Líderes que fogem da responsabilidade perdem a oportunidade de fortalecer vínculos, de desenvolver confiança e de crescer com a adversidade. Mais do que isso, transmitem uma mensagem perigosa: a de que a autopreservação está acima do compromisso coletivo. E não há cultura organizacional que resista por muito tempo a esse tipo de mentalidade.
Por outro lado, quando a liderança se posiciona de forma madura, ela inspira. Ela não gasta energia procurando culpados, mas sim apontando caminhos. Ela não diz “eu sabia que isso ia acontecer”, mas sim “como podemos evitar que isso se repita?”. Ela se mostra parceira, pronta para o diálogo, pronta para liderar com coerência, mesmo diante de dificuldades, de pressões e até de reações intempestivas de profissionais.
No fim das contas, a qualidade de uma liderança não se mede apenas pelos resultados entregues, mas pela maneira como ela age nos momentos difíceis. E nesses momentos, é o comportamento — e não o discurso — que define quem realmente está preparado para liderar.



