O impacto da proibição de carros a diesel e gasolina

Comissão Europeia propôs nesta quarta-feira (14) a proibição da venda de novos veículos a gasolina e a diesel a partir de 2035, - Tomaz Silva/Agência Brasil

A Comissão Europeia propôs nesta quarta-feira (14) a proibição da venda de novos veículos a gasolina e a diesel a partir de 2035, o que mudará o panorama do setor automotivo.

- Será possível continuar dirigindo um carro a gasolina?
Sim. Até a proibição entrar em vigor, dezenas de milhões desses veículos serão vendidos em toda Europa e será permitido dirigi-los após 2035.

A Comissão Europeia confia nesta proibição para alcançar um transporte totalmente livre de carbono até 2050, uma vez que a vida de um automóvel é de cerca de 15 anos.

"Os veículos usados serão os mais afetados pelas restrições de tráfego, como nas zonas de baixa emissão", diz Julia Poliscanova, representante da ONG europeia Transporte e Meio Ambiente.

Em metrópoles como Londres ou Paris, espera-se que o acesso seja limitado apenas a veículos elétricos.

- Veículos vão-se tornar artigos de luxo? 
O preço dos veículos elétricos, hoje mais caros do que os térmicos, poderá cair rapidamente, pois serão produzidos em série, e o custo das baterias cairá. Segundo o grupo Stellantis (Peugeot e Fiat, entre outros), a paridade poderá ser alcançada entre 2025 e 2030.

Além disso, seu uso está evoluindo à medida que mais e mais veículos são oferecidos para leasing, o que permite reduzir o preço, destaca Thomas Morel, da empresa McKinsey.

Espera-se também que o preço dos veículos a gasolina suba com o aumento das sanções governamentais, sem falar nas multas para fabricantes responsáveis por altas emissões de CO2, explicou a Volkswagen na terça-feira.

- O que será dos carros antigos?
"Podemos imaginar que haverá incentivos para a troca de veículo, como bônus para sucateamento", diz Morel. 

"Um grande número de carros ficará obsoleto e provavelmente não terá o direito de circular em algumas áreas urbanas. Com isso, seu valor residual pode cair drasticamente", continua o especialista.

Poliscanova acredita, por sua vez, que serão necessários menos carros: "Nas cidades, em particular, usaremos transporte público, bicicletas e veículos compartilhados".

A readequação - um motor elétrico em um carro mais antigo - também poderia permitir uma transição mais ecológica. 

- Os fabricantes estão preparados?
O ano de 2020 marcou um verdadeiro processo de aceleração, sob pressão da UE e graças à ajuda pública. Os fabricantes passaram a apostar nos carros elétricos em suas gamas, e o mercado de híbridos e elétricos explodiu em países como Alemanha, França, ou Itália.

"Os fabricantes notaram as mudanças. No entanto, os níveis de investimento permanecem altamente variáveis de um para o outro", diz Morel.

Volkswagen e Volvo apresentaram os planos mais ambiciosos, com 60% dos veículos elétricos na Europa, e 100% no mundo, respectivamente, até 2030.

- O futuro são os híbridos?
Os híbridos têm um motor elétrico que ajuda, ou substitui, o motor térmico por alguns quilômetros. Mais pesados que seus equivalentes térmicos, com seus dois motores, podem ser mais poluentes, se não forem recarregados.

Esse tipo de veículo poderia ser banido em 2035, mas a França e a Alemanha defendem esses carros de "transição" para os elétricos. Sua resposta ainda está aberta. 

- A Europa tem pontos de carregamento suficientes?
Não. Havia cerca de 250 mil pontos públicos em setembro de 2020 na União Europeia: a maioria deles, terminais de baixa potência, de difícil utilização, concentrados em alguns países, segundo o Tribunal de Contas Europeu. 

É a principal dor de cabeça dos fabricantes, que pedem aos governos que ajudem a instalar terminais em residências e vias públicas.

"A Comissão Europeia deve impor padrões para os terminais para que os motoristas possam ter certeza de carregar seus veículos, aonde quer que eles forem", diz Poliscanova.

A presidente da Comissão Europeia considera que deveria haver um posto de recarga a cada 60 quilômetros nas principais estradas europeias.

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