Seu cãozinho está com otite? Saiba como identificar

Otite é uma inflamação ou infecção no ouvido que pode ser causada por diversos fatores. Em cães, esse tipo de patologia é considerado comum devido às orelhas longas ou ao canal auditivo estreito dos animais. Apesar de corriqueira, a otite pode gerar complicações graves que podem ser fatais se não houver tratamento. 

A otite pode ser causada por infecções bacterianas, fúngicas ou virais, alergias , parasitas como ácaros, presença de corpos estranhos no ouvido, acúmulo de umidade, traumas na região do ouvido, higiene inadequada (excesso ou falta de limpeza) e fatores anatômicos ou genéticos, como tamanho das orelhas ou canal auditivo estreito.

Além disso, doenças subjacentes, como distúrbios hormonais ou imunológicos, também podem predispor à inflamação do ouvido.

Para identificar a doença no pet o tutor deve ficar atento ao comportamento do animal.

“Coceira excessiva na orelha, esfregar a cabeça no chão ou em móveis, vermelhidão ou inflamação no ouvido, secreção ou mau odor, sacudir ou inclinar a cabeça com mais frequência, sensibilidade ao toque, perda de audição e aumento da sensibilidade, são alguns dos sinais de otite”, disse Ricardo Cabral, médico-veterinário da Virbac. 

A inflamação pode se apresentar em três classificações: externa, média e interna. 

A otite externa é, digamos, a mais sutil e comum. Ela acontece quando o canal auditivo externo inflama. Segundo o médico-veterinário, cerca de 75% dos casos de otites externas têm em comum o fato de acometer animais alérgicos e, sendo essa uma doença de difícil controle, é bastante frequente a ocorrência de otites externas de repetição.

Otite média acomete a parte média do ouvido, localizada atrás do tímpano, e pode ocorrer como uma complicação da otite externa quando a infecção se estende para dentro da orelha.

Já a otite interna, “é a forma menos comum de otite em cães e geralmente é mais grave, porque envolve a inflamação da parte interna do ouvido, incluindo a cóclea e o labirinto, que são essenciais para a audição e o equilíbrio. Este tipo de otite pode estar associada a infecções bacterianas, fúngicas ou virais ou, ainda, por problemas imunológicos, traumas na cabeça ou tumores”, explicou Ricardo. 

Algumas raças de cães estão mais predispostas a desenvolver otite devido a características anatômicas específicas de suas orelhas ou a condições genéticas que aumentam a produção de cerúmen.

“Cocker Spaniel, Labrador, especialmente o de cor chocolate, Beagle, Basset Hound, Golden Retriever e Poodle são algumas delas. Mas vale lembrar que qualquer raça de cão pode desenvolver essa condição”, detalhou o especialista. 

O tratamento da otite em cães pode variar dependendo da causa, condição e gravidade da infecção. 

“O primeiro passo é levar o animal ao consultório veterinário para um exame completo e, em casos de otites externas, a limpeza e o tratamento tópico são suficientes para tratar o problema”, orienta Ricardo. Segundo o profissional, apenas em casos mais graves ou persistentes, pode haver a necessidade da prescrição de medicamentos orais, como antibióticos ou anti-inflamatórios.

Algumas pessoas podem começar a usar antibióticos para tratar otite sem recomendação médica, mas esse tipo de abordagem pode colocar a vida do animal em risco a longo prazo. 

“Cada vez mais vemos o surgimento de micro-organismos resistentes aos antimicrobianos, o que significa que as bactérias presentes no ouvido do cão podem se tornar resistentes ao antibiótico usado, tornando o tratamento ineficaz. Tendo em vista que a causa da doença é a inflamação, será que precisamos fazer uso de antibióticos em todos os casos?”, comentou Ricardo.

 O médico veterinário da Virbac alerta ainda que, pelo fato de a maioria dos quadros de otites externas serem desencadeadas por doenças alérgicas, que não têm cura, é comum que os cães apresentem otites de repetição, e o uso de antibióticos e antifúngicos com frequência nesses quadros contribui ainda mais para o uso indiscriminado dessa classe de medicamentos.

Veja também