Como o setor da mineração e as organizações podem cocriar soluções de impacto social
O painel “Conexões que Transformam” na Exposibram 2025, destacou a importância da integração entre empresas, governos e organizações civis
Na Exposibram 2025, em Salvador, o painel “Conexões que Transformam” destacou um movimento cada vez mais evidente no setor mineral: o de que o verdadeiro impacto social nasce quando empresas, governos e organizações civis atuam de forma integrada. A mineração brasileira, hoje protagonista da transição energética global, tem diante de si a oportunidade de construir também uma transição social baseada em parcerias genuínas e em investimentos estruturantes que gerem valor compartilhado nos territórios onde opera.
O debate reuniu Lígia Pinto, da Sigma Lithium, Paulo Boneff, da Gerdau, Marcella Balthar, do Movimento União BR, e Júlia Jungmann, do Instituto Mondó. Cada um trouxe perspectivas complementares sobre como aproximar o setor mineral da realidade das comunidades, mostrando que a sustentabilidade só é possível quando há inclusão, governança e corresponsabilidade.
Transição energética requer transição social
Lígia Pinto destacou que não há transição energética sem transição social. O avanço em minerais críticos, como o lítio, precisa caminhar lado a lado com a geração de oportunidades, o fortalecimento das cadeias locais e a inclusão das comunidades. Segundo ela, sustentabilidade não se resume a métricas ambientais: envolve a capacidade das empresas de gerar desenvolvimento que permaneça quando o ciclo econômico termina.
O legado da mineração na governança compartilhada
Paulo Boneff reforçou que o verdadeiro legado da mineração está na governança compartilhada. Ele defendeu que os investimentos sociais devem ser planejados com visão de longo prazo e executados com transparência, por meio de estruturas conjuntas entre empresas, poder público e organizações sociais. Boneff ressaltou que programas voltados à qualificação profissional, infraestrutura e geração de renda são os que realmente consolidam autonomia e continuidade nos territórios.
Superando o assistencialismo: investimento social estrutural
Marcella Balthar aprofundou o debate sobre a diferença entre o assistencialismo e o legado. Ela destacou que ações emergenciais, como distribuição de alimentos, água ou abrigos, têm um papel vital em contextos de crise, mas que o verdadeiro impacto se constrói quando essas respostas se transformam em investimentos permanentes em educação, saúde e habitação, especialmente em regiões afetadas por emergências climáticas. Marcella defendeu que o setor mineral, com sua presença territorial e capacidade logística, tem papel estratégico em fortalecer esses pilares de reconstrução e prevenção, deixando resultados que permanecem muito além do momento da crise.
Os caminhos para o futuro: profissionalização e diálogo
Júlia Jungmann compartilhou experiências em territórios vulneráveis, como o arquipélago do Marajó, ressaltando a importância de metodologias participativas. Sua fala mostrou que o desenvolvimento comunitário só se consolida quando há protagonismo local e que o papel das organizações sociais é justamente o de mediar esse processo com ética e escuta.
O painel apontou ainda caminhos concretos para o futuro: ampliar os espaços de diálogo territorial, profissionalizar o investimento social, fortalecer a resiliência climática e diversificar as economias locais. A mineração do século XXI precisa unir inovação tecnológica e impacto social, reconhecendo que sua licença para operar depende diretamente da confiança construída com as comunidades.



