À espera dos 30
Uma história de resiliência e esforço, em nome de uma nova dinâmica econômica
Ufa! Encerrada a edição de número 29 do Cine PE, pensada como preparatória dos 30 anos. Uma trajetória que mudou os rumos da minha vida, desde que a cidade de Gramado e seu glamouroso festival de cinema, apontaram-me para esse caminho.
O sucesso e todo impacto gerado aqui e no Brasil são um fato. Mas, apesar da longevidade e do compromisso responsável que o evento em si me impõe, ainda há muitas incompreensões e percalços. Na essência desse diagnóstico, um sentimento de que o componente econômico está por trás do quanto é difícil atuar como produtor de cultura neste país. Digo sempre é repito: o propósito de fazer acontecer um consumo que pode ser entretenimento para quem busca essa satisfação, jamais pode ser tratado como algo igual para quem mobiliza recursos para gerar e produzir. Quem faz a cultura acontecer é tão agente econômico, quanto qualquer outro produtor.
Para início de conversa, em toda essa extensa trajetória de quase três décadas, destaco a velha dificuldade de custeio. Conceitualmente, muitos produtos culturais nem conseguem sua sustentação com vendas diretas, como pelas suas bilheterias. Assim, o papel do patrocínio é vital. E dada a dificuldade de se entender esse apoio como instrumento direto de marketing, o caminho dado pelo investimemto público direto ou pelo incentivo fiscal representa a política mais apropriada. Questionar essa estratégia governamental é desconhecer não apenas a baixa dimensão financeira que isso representa no total dos gastos. É, acima de tudo, ignorar que a identidade cultural de qualquer país é uma rara reserva estratégica, que só exprime soberania.
Outro significado econômico de baixa percepção é o desconhecimento da grandeza da cadeia produtiva da cultura e, em particular, do audiovisual. Assim, para relevar o papel da geração de empregos e rendas, costumo trazer à luz dos debates que fazem parte da programação do Cine PE, as opiniões abalizadas de técnicos e as experiências frutíferas de empreendedores. Tudo isso compatível com as teorias que regem e movem a economia. Nesta edição do Festival, por exemplo, contar com a presença de economistas do quilate de Cristovam Buarque e Eduardo Giannetti, não foi apenas pelos seus ofícios literários. Suas presenças estimularam debates, não apenas sobre eventuais valores culturais e seus efeitos econômicos. Até mesmo opiniões sobre a atual conjuntura prevaleceram, diante das circunstâncias temáticas que têm movido o cotidiano da Economia.
De fato, é absolutamente necessario mirar para a nova dinâmica que faz girar o eixo da economia. Por isso mesmo, é preciso reforçar o foco do debate. Trazer à tona o que a cultura e o audiovisual podem ser capazes de oferecer às discussões sobre o desenvolvimento de um mumdo mais sustentável