No duplo sentido, a esquadra está armada: haja cortina de fumaça

O populismo político e a ausência de propostas afundam a nau da economia

Nessa conversa desconexa e idiota sobre o conceito do que seja efetivamente liberdade, parece que o real deleite está numa espécie de autoengano consentido. Não mais me surpreendo com tanta tolice, o que me tem feito reviver o velho "festival de besteiras que assola o país", extrato clássico do sarcástico Stanislaw Ponte Preta. 

Decepção mesmo é hoje poder considerar que certas figuras, antes pensantes e arredias aos estereótipos de fanáticos, tenham agora se rendido à condição de séquitos ordeiros, em nome de ideologias antidemocráticas. Seguem firmes num cortejo bélico, no qual se tenta separar o país entre o bem e o mal, conforme o ponto extremo que enxergue o outro lado. Nesse prisma, tinha razão o genial Nelson Rodrigues: "os idiotas vão tomar conta do mundo". Em pleno século XXI, com um ânimo voraz inacreditável.

Num processo eleitoral onde os atores políticos e parte da sociedade atuam a favor de embates conflituosos decorrentes dessa conduta atual, agressões recíprocas e "munições nucleares" para tratar inimigos, em vez de rivais, formam elementos estratégicos. Por um lado, a destruição das instituições é ponto basilar. Por outro, o populismo político dá o tempero para o objeto final da supremacia. Projetam a "vitória de um bem" que nega todos os valores que definem pluralidade. Sem que haja um mínimo respeito com os adversários, contentam-se por matarem a democracia.

Enquanto rolam esses excessos dos "exterminadores do presente", ainda em fase pré-eleitoral, a economia segue patinando na pista. Por enquanto, a esquadra está apenas armada, mas as cortinas de fumaça estão ativas. Afinal, o ministro "Posto Ipiranga" perdeu sua graça (essa serviu apenas para deputado falastrão), as estratégias macroeconômicas viraram pó e quem prescinde das políticas públicas tem que se contentar com os velhos arroubos populistas. Está tudo em perfeita ordem, nas cabeças idiotizadas, profeticamente apontadas nos aforismos rodrigueanos.

Apenas como lembrete: a taxa de juros sobe hoje para algo entre 12,75% a 13,25%. A alta de juros já  anunciada nos EUA deverá comprometer nosso câmbio mais à frente. O gás de cozinha atingiu 10% do salário mínimo. A ANEEL anunciará nesses dias uma nova bandeira tarifária, com aumento previsto acima dos 50%. De quebra: haja inflação, desemprego, miséria e fome. A espiral do mundo sóbrio das politicas econômica e social aponta para mais crise. A espiral do mundo idiota insiste em temas e valores extemporâneos e inoportunos. 

Mas, no Brasil é assim. Segue o jogo da polarização sem planos, que envolve a sociedade com cortinas de fumaça.  Estamos a brincar de batalha naval. E as naus resistem em operar com dignos comandantes.

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