Pragmatismo Racional: Não Negar Utopias e Exercer o Planejamento

O Paradoxo Público de Racionalizar a Estrutura Orgânica com a Extinção do Planejamento

Parece óbvia que a missão executiva das três esferas públicas prescinde de algum nível de planejamento, por menor que seja a forma de intervenção. É que, neste aspecto proporcional, convenciounou-se na ideologia liberal uma renúncia plena ou parcial para qualquer exercício de planejamento. Isso porque, de certo modo, difundiu-se uma cultura na gestão pública de que planejar e intervir fazem o mesmo sentido. Mantido o ritmo da proposta da coluna: nem 8, nem 80. Planejar é verbo que se conjuga muito bem, até mesmo no próprio paraíso privado, para onde os mais puros liberais dovotam seus êxtases. Assim como, não se deve vislumbrar o paraíso dos não menos puros intervencionistas, que fazem do ofício de planejar um compromisso estatizante.

 

Diante do embate ideológico e respeitados os preceitos próprios de cada pensamento, devidamente ajustáveis às circunstâncias socioeconômicas, defendo e exerço minha liberdade de pensar e propor, no que julgo ser sensato e equilíbrado. O título do texto de hoje já diz tudo: prefiro apostar no pragmatismo racional, precisamente aquilo que pode ser o melhor dos pensamentos. E tão ou mais importante que isso é mesmo não negar as utopias e a partir delas exercer um nível básico de planejamento. Noutras palavras, para por quaisquer ideias em prática há uma escala gradual de utopias realistas, de tal sorte que, a partir delas, é necessário se planejar a dimensão desse trabalho antes, para que depois se possa trabalhar o plano em si. Ao corroborar tal tese, faço valer uma máxima do Prof. Peter Drucker de que o "planejamento de longo prazo não lida com decisões futuras, mas com um futuro de decisões presentes". E não basta começar. É preciso ousar porque o mundo nos exige pressa, diante do ritmo das mudanças.

 

Dito isso, não dispor de um plano básico para as políticas públicas é querer exercer o improviso. E essa aposta tem-se traduzido por demais arriscada num país como o nosso, há tempo pautado pelo baixo crescimento econômico, pelas desigualdades sociais e, sobretudo, pela ausência de visão de futuro. Esta última, traduzida na forma de uma miopia incapaz de enxergar as questões estratégicas e sustentáveis, hoje ditadas pela valorização irreversível dos temas sociais, ambientais, educacionais e informacionais. Nisso, o setor público vive sob a tutela de um paradoxo. Sempre que há uma intenção por da racionalizar a máquina pública, é justamente a área de planejamento uma das mais suscetíveis aos cortes. No plano federal, os exemplos de idas e vindas fazem parte da história. Criado pelo governo Goulart em 1962, para que Celso Furtado assumisse e levasse a cabo seu Plano Trienal, sucumbiu com a queda dessw governo em 1964. Se alguma crítica houve pela intenção de artelá-lo ao intervencionismo, o Ministério volta à cena com o liberal Roberto Campos, justo para conduzir o então PAEG (Plano de Ação Econômica Governamental). Foi tudo verdade, por mais incongruente que possa ser a percepção de que a ideologia foi distinta da ação.

 

O que se assiste hoje no plano federal é um espetáculo de improvisação, posturas ziguezagueantes e, por conseguinte, notória insegurança nas decisões. Pior: Um embate eleitoral que já se prenuncia de modo personalista e tratado ao extremo. Sinais de um jogo sem regras (faltam planos consistentes) e definitivamente individualizado (sem negociações que respeitem à diversidade).

 

Utopias realistas, atitudes por escolhas adequadas e planos bem executados podem dar outra cara a administração pública. Essa é a boa política e faz bem à economia. Uma ideologia que chamo de pragmatismo racional.

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