14 Bis: uma unidade educacional que receberá os estudantes com afeto
Mércia Assumpção é servidora da Prefeitura do Recife desde agosto de 2014. É bacharel em Administração e Licenciada em Matemática, além de pós-graduada em gestão escolar e políticas públicas.
Começou na Escola Municipal 14 Bis como professora da educação infantil em 2016 e há um ano está a frente da gestão da unidade.
Entrevistamos a gestora educacional Mércia para entender um pouco como está sendo pensado e planejado o retorno às aulas dos estudantes mais jovens, incluindo turmas da educação infantil na rede municipal da capital pernambucana. Abaixo um resumo do nosso papo.
Pergunta Papo de Primeira
Como a 14 BIS está encarando esse retorno das aulas?
Esse retorno presencial está sendo pensado e construído coletivamente, com muita responsabilidade e planejamento. Estamos adequando todos os espaços de acordo com os protocolos da secretaria, sempre priorizando a saúde e a segurança de toda a comunidade escolar.
Elaboramos um Manual de Combinados com as famílias dos estudantes e temos reuniões todas as semanas para alinhar as questões. Se a parceria com estas famílias já era importante antes da pandemia, agora se tornou fundamental.
Outro aspecto importante é exercitar a empatia. Porque se está difícil para as famílias, também está difícil para os professores e para todos os colaboradores da unidade.
Por isso queremos criar um espaço de acolhida, um ambiente de ajuda mútua e segurança. Esse contexto tão forte que estamos vivenciando nos faz dar as mãos e educar além dos muros. Temos que entender a escola como um ponto de ajuda e é isso que buscamos com o retorno as aulas presenciais.
Organização pedagógica com protocolos na EM 14 Bis | Arquivo Pessoal
Pergunta Papo de Primeira
Explica um pouco para gente como o foco no socioemocional é trabalhado no projeto pedagógico na unidade.
Falar de afetividade na nossa escola é falar da nossa Coordenadora Pedagógica Márcia Breckenfeld. Ela compreende que a educação precisa se voltar para alma dos sujeitos. Assim, montamos alguns projetos.
O primeiro projeto foi o CUIDANDO DE QUEM CUIDA. Para encher o tanque afetivo dos docentes assim transbordar para os alunos. Assim trabalhamos a pessoa do professor. No decorrer do ano de 2020 e 2021, convidamos diversas profissionais entre educadores e psicólogos para dar esse suporte emocional.
O outro projeto foi o AFETIVAÇÃO, o AFETO EM AÇÃO, construindo coletivamente e com base a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), na Política de Ensino da rede e conceitos de Henri Wallon.
Sabemos que nossas crianças não estão voltando das férias, e sim de um período de isolamento. Ela precisa ser olhada em sua integralidade. A desregulação emocional, o medo e a insegurança estarão presentes em sala de aula.
Com isso precisamos planejar tempos e espaços para que essas emoções sejam trabalhadas. Não podemos esquecer que a educação se dá na troca e que essa relação é recheada de afeto, e que a afetividade é a base da aprendizagem.
Em nosso projeto vamos trabalhar algumas habilidades socioemocionais, como: autoconsciência, consciência social, tomada de decisão responsável, entre outras. Tudo isso será trabalhado de forma lúdica e bem criativa.
Apesar do distanciamento e protocolos, pensamos com muito cuidado em como proporcionar vivencias para fortalecer a socialização e interação. Por exemplo, a nossa acolhida - que acreditamos que é mais que receber – será para acolher sentimentos, vamos fazer ela de forma afetiva, cada criança vai dizer como quer ser acolhida, piscando o olho, dando xauzinho... Também vamos trabalhar o autoabraco, a roleta das emoções, para que a criança tenha espaço para dizer como está se sentindo hoje.
Vamos trabalhar com muito desenho livre, musicalidade, contação de histórias, proporcionando as crianças um espaço para essas emoções. Se houver a necessidade de uma acolhida física, de um abraço, cada salinha de aula vai ter sua “capa afetiva”, que ficará penduradinha em um canto para o professor utilizar quando necessário.
Temos um espaço físico escolar privilegiado, cercado por árvores que também será muito explorado. Infelizmente, nossa caixa de areia e parquinhos estão desativados temporariamente, mas vamos fazer muitas brincadeiras sempre com espaços determinados de cada criança e uma equipe treinada para manter os brinquedos higienizados. Afinal, brincar é coisa séria na 14 Bis!
O nosso projeto começou com pensamento e concluo essa entrevista com ele, que foi o verbo esperançar, que segundo Paulo freire é se levantar, é ir atras e construir não desistir, é levar adiante e se juntar com outros para fazer de forma diferente ou de outro modo.
Pensando nisso, elencamos duas metas: tempo de qualidade com as crianças e palavra de afirmação com eles. Através da avaliação diagnostica acompanhar isso. Fazer junto, fazer com amor porque afetividade é um ato revolucionário!