“Equinox”: Folclore dinamarquês é ficcionalizado em minissérie da Netflix

Série dinamarquesa traz o desaparecimento de 21 jovens e protagonista procura respostas - Divulgação/Netflix

Uma produção estrangeira da Netflix vem chamando atenção do público pela trama misteriosa que adota em seus episódios. “Equinox” é a recente minissérie dinamarquesa que mistura suspense investigativo e mitologia na construção da sua narrativa. Baseada no podcast “Equinox 1985”, o seriado foi lançado em dezembro e atrai principalmente os fãs órfãos de “Dark”.

Ao longo de seis episódios, a história é ambientada em anos que se alternam entre a atualidade e 1999. Astrid (Danica Curcic) é radialista e leva uma vida mediana até que recebe uma ligação, ao vivo, enquanto apresenta um programa na rádio local. A voz resgata alguém de seu passado que afirma ter pistas sobre o desaparecimento de 21 jovens que sumiram há 21 anos sem deixar rastros, incluindo sua irmã mais velha, Ida (Karoline Hamm).

Na época do desaparecimento Astrid era uma criança e suas lembranças daquela época variam entre sonho e realidade. Motivada em descobrir e entender o que aconteceu com sua irmã, ela volta para a cidade onde foi criada para obter respostas. Nos três primeiros episódios, a série se desenvolve como uma história de suspense investigativo, mas nas últimas três partes as justificativas do desaparecimento são esclarecidas através de lendas e folclore dinamarqueses.  

Parecida com “Dark”?

Parte da audiência de “Equinox” veio pela semelhança do seriado com outra produção estrangeira da Netflix, a alemã “Dark”, mas as expectativas devem ser controladas. A fotografia é equivalente, mas isso acontece devido à proximidade geográfica dos países, a Dinamarca – onde “Equinox” é gravada – está logo acima da Alemanha, por isso, regiões montanhosas, florestas densas, cavernas e trilhas são comuns nas séries de lá. A mesma característica pode ser notada em “The Rain”, por exemplo, outra série dinamarquesa original Netflix.

Além da fotografia, a única semelhança entre “Equinox” e “Dark” está na narrativa conter crianças desaparecidas. Na produção dinamarquesa, 21 jovens somem sem explicação, já na alemã, três crianças somem em anos diferentes. Em ambos os casos, as tramas passam de uma simples investigação para algo além do entendimento, mas são muito diferentes. “Dark” trabalha com o gênero de ficção científica quando coloca viagens no tempo em seu roteiro. “Equinox” vai por outro caminho, desenvolvendo as lendas de seu país.  

A Mitologia de “Equinox”

O título da série faz alusão ao Equinócio, um evento astrológico anual que acontece em países onde as estações do ano podem ser percebidas com mais distinção, como é o caso da região europeia. No fenômeno, por causa da inclinação da Terra, dia e noite possuem o mesmo tempo de duração (12 horas) e acontece duas vezes no mesmo ano, marcando o início da primavera e outono.

Ao longo dos séculos, esse momento da astronomia teve influencia em algumas culturas na Europa, principalmente para os povos escandinavos, que criaram rituais sagrados e profecias pagãs, fonte de toda mitologia da série.

Os costumes do equinócio da primavera, por exemplo, foram se modificando de acordo com a época, mas hoje conhecemos esse festejo como a Páscoa, dentro da religião cristã. O simbolismo do Coelhinho da Páscoa, que importamos para o Brasil, também nasceu dessas lendas. 

É que, na Europa, o animal é um dos primeiros seres vivos a serem vistos no início da primavera e logo foi relacionado à fertilidade, graças à sua alta capacidade reprodutiva. O equinócio também é a oportunidade dos nórdicos de plantar e espalhar amor, uma vez que surge a estação do florescer em vários aspectos. 

Na série “Equinox”, o Rei Lebre está em busca de Ostara. No popular, Ostara é, também, uma deusa da fertilidade, representando o renascimento do ciclo da vida. O ovo, neste contexto, representa a fertilidade em si. Mas esses mitos e lendas que espalham mensagens de amor e empatia, na produção da Netflix vira uma história de terror sanguinolenta. Para descobrir a relação dessas histórias seculares com o desaparecimento dos 21 adolescentes, basta assistirem aos seis episódios disponíveis na Netflix.

*Fernando Martins é jornalista, escritor e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Acesse o Portal, Podcast e redes sociais do Uma Série de Coisas neste link

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