Nicholas Alexander e Cooper Koch elevam o drama na segunda temporada de “Monstros”

Produção executiva de Ryan Murphy e Ian Brennan recria famoso caso real de 1989

Nicholas Alexander e Cooper Koch interpretam os irmãos Menendez em série da Netflix - Divulgação/Netflix

A segunda temporada de “Monstros”, intitulada “Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais”, estreou na Netflix trazendo de volta o olhar para um dos casos criminais mais chocantes e polarizantes dos Estados Unidos. A série revisita o assassinato de José e Kitty Menendez pelos filhos, Lyle e Erik, em 1989, e mergulha fundo nas camadas de um crime que vai da brutalidade do ato até o abuso familiar.

Com performances que dominam cada cena, Nicholas Alexander e Cooper Koch entregam versões dos irmãos Menendez que vão desde a frieza calculada até a vulnerabilidade extrema. Alexander, como Lyle, personifica a tensão de um jovem dividido entre o peso do legado familiar e a busca desesperada por liberdade, enquanto Koch, como Erik, transmite uma fragilidade quase infantil que torna impossível desviar o olhar. Juntos, eles recriam o ambiente tóxico da mansão Menendez, tornando palpáveis as contradições de um lar que escondia violência e desespero por trás da fachada de riqueza e status.

A produção executiva de Ryan Murphy e Ian Brennan aposta em um equilíbrio hábil entre a reconstituição dos eventos e a exploração psicológica dos personagens. A narrativa não evita os aspectos mais perturbadores do caso, mas também abre espaço para o espectador questionar a própria noção de culpabilidade e justiça, sem desenvolver cenas desnecessárias.

Os labirintos do trauma

“Monstros” retrata com precisão os abusos relatados por Lyle e Erik durante o julgamento. A série consegue, sem ser sensacionalista, explorar a questão dos abusos paternos e a negligência materna, que, segundo a defesa dos irmãos, foram catalisadores para o crime. É uma narrativa ambígua, desafiando o público a confrontar a própria percepção sobre vítimas e agressores.

Ao invés de focar apenas no horror dos assassinatos, “Monstros” se preocupa em construir uma atmosfera de sofrimento psicológico. As cenas que mostram o cotidiano dos Menendez antes dos assassinatos são carregadas de uma sensação de sufocamento, onde o poder, o controle, a desconfiança e a expectativa criam uma rede invisível que prende todos os personagens. A série vai além do ato de violência e se aprofunda na violência silenciosa que permeia a vida doméstica, tornando cada interação carregada de significados implícitos e não ditos.

Atuação de peso

Nicholas Alexander e Cooper Koch entregam desempenhos que ancoram a série em emoções cruas. Nicholas interpreta Lyle como um jovem atormentado, cuja aparência confiante e postura autoritária escondem a verdadeira extensão de seu medo, raiva e insegurança. Seu Lyle é ao mesmo tempo o arquétipo do filho obediente e o rebelde contra as regras que o esmagam. Koch, por sua vez, dá vida a um Erik Menendez trêmulo e introspectivo, que luta para lidar com a culpa e o trauma enquanto sua psique se fragmenta sob a pressão dos segredos que carrega. Ambos os atores conseguem, com sensibilidade e intensidade, transmitir a complexidade emocional de jovens que se veem encurralados em uma situação aparentemente sem saída.

No final, a segunda temporada de “Monstros” é uma reencenação de um crime brutal e uma investigação inquietante sobre os limites da culpa, os ecos do trauma e as múltiplas faces da verdade.

*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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