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Esclerose múltipla: como a doença afeta o sistema nervoso e quais os caminhos do tratamento?

Neurologista do Hospital Jayme da Fonte explica diagnóstico e terapias disponíveis

Neurologista Mário Melo, do Hospital Jayme da Fonte, destaca pontos de alerta nos sintomas da esclerose múNeurologista Mário Melo, do Hospital Jayme da Fonte, destaca pontos de alerta nos sintomas da esclerose mú - Foto: Walli Fontenele \\ Folha de Pernambuco

A esclerose múltipla é uma doença autoimune que provoca um ataque do próprio organismo ao sistema nervoso central, comprometendo funções motoras, sensoriais e cognitivas.  De acordo com o neurologista Mário Melo, do Hospital Jayme da Fonte, os sintomas podem variar bastante. 

“Como o sistema nervoso central é muito amplo e complexo, os sintomas da esclerose múltipla são muito diversos”, explicou o médico. 

Sintomas de alerta

Ele cita desde fadiga intensa até manifestações mais específicas, como neurite óptica, que é a perda de visão central em um dos olhos, geralmente acompanhada de dor. Ainda segundo o especialista, é comum que os sintomas se apresentem em surtos, ou seja, crises neurológicas que surgem e, com o tempo, tendem a regredir parcialmente. 

“Pode haver também fraqueza muscular em um lado do corpo, perda de sensibilidade, incontinência urinária, dificuldade de andar ou alterações no equilíbrio”, afirmou.

Diagnóstico

O diagnóstico da esclerose múltipla é clínico e exige a exclusão de outras doenças semelhantes. O neurologista destaca a importância da avaliação por um especialista. 

“O diagnóstico é construído a partir da análise integrada dos sintomas, exames de imagem, como a ressonância magnética, e histórico clínico. Em alguns casos, pode ser necessário realizar análise do líquor ou testes de neurofilamento”, explicou Mário Melo.

Pacientes mais suscetíveis 

Estima-se que cerca de 40 mil pessoas vivam com esclerose múltipla no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM).  A doença afeta majoritariamente mulheres entre 20 e 40 anos, com uma proporção de três mulheres para cada homem. 

A causa exata ainda não é conhecida, mas fatores genéticos, ambientais e comportamentais estão associados. 

“O tabagismo precoce, obesidade na adolescência e infecção pelo vírus Epstein-Barr são elementos que contribuem para o risco”, pontua o médico.

Tratamento

O tratamento da esclerose múltipla envolve duas frentes principais. Durante os surtos, o foco é controlar rapidamente os sintomas por meio de pulsoterapia com altas doses de corticoides. Já no período entre os surtos, o tratamento é voltado para a manutenção, com o uso de imunossupressores ou imunomoduladores. 

“Esses medicamentos buscam reduzir a frequência e a gravidade dos surtos e impedir a progressão da doença”, afirmou Mário Melo. 

A escolha do tratamento é individualizada e depende de fatores como a forma de administração do medicamento, a atividade da doença e o perfil clínico do paciente.
Apesar de não ter cura, a esclerose múltipla pode ser controlada com acompanhamento médico adequado. O diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento são fundamentais para preservar a qualidade de vida do paciente.

Acompanhe a entrevista completa com o neurologista Mário Melo no Podcast Folha Saúde:

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