Literatura

80 anos de Maximiano Campos: conheça o legado do escritor pernambucano

Ao longo da vida, Maximiano escreveu 17 livros, entre eles as publicações póstumas "Os cassacos" e "A multidão solitária"

O escritor Maximiano Campos faria 80 anos no próximo dia 19 de novembroO escritor Maximiano Campos faria 80 anos no próximo dia 19 de novembro - Foto: Acervo pessoal

O aniversário de 80 anos do nascimento do escritor e contista Maximiano Campos (1941-1998) será celebrado no próximo dia 19 de novembro pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).

Para marcar a data, será lançada a exposição “O Domador de Sonhos: 80 anos de Maximiano Campos", às 17h, na Sala de Leitura Nilo Pereira, no Campus Derby. A mostra vai apresentar ao público a obra e um pouco da intimidade do intelectual.

Arte sem vulgaridade
Ao longo da vida, Maximiano escreveu 17 livros, entre eles as publicações póstumas "Os cassacos" e "A multidão solitária". Seu acervo conta com livros de poemas ("Lavrador do Tempo", "Do Amor e Outras Loucuras"), romances ("Os Cassacos" e "Sem Lei Nem Rei") e novelas ("O Major Façanha" e "A Memória Revoltada"). Mas foi como contista que mais se destacaria. Neste gênero, lançou três livros: "As Emboscados da Sorte", "As Sentenças do Tempo", "As Feras Mortas". "Na Estrada" há 45 historietas compiladas de três obras anteriores com mais cinco contos inéditos.

“Em um tempo de vulgaridade artística que confunde talento com mercadoria, são poucos os que, como Maximiano, preservaram, na ficção e na poesia, a sua visão humanista primordial e digna, através da qual desenhou a vida”, afirma Antônio Campos, filho de Maximiano e presidente da Fundaj.
 

“Sem lei nem rei”
Apontado pelo sociólogo pernambucano Gilberto Freyre como “mestre na especialidade do conto”, Maximiano Campos publicou, em 1968, seu primeiro romance, intitulado “Sem lei nem rei”. A obra aborda as lutas pelo poder e pela terra no Sertão, no Agreste e na Zona da Mata. Em um Nordeste recriado, o autor movimenta os seus personagens: o capitão cangaceiro Antônio Braúna e seu bando, o coronel Wanderley e o coronel Teixeira, inimigos empenhados em uma disputa mortal. "Embora Maximiano seja um homem da área litorânea dos engenhos, esse livro de estreia curiosamente foi ambientado no Sertão, envolvendo o fenômeno do cangaço. Ele se dedicou ao tema pelo lado da ficção e conseguiu ter um escrito de conteúdo muito interessante, indo do protótipo ao tipo", explica o escritor Frederico Pernambucano de Mello.

Transitou entre correntes
Frederico chama a atenção para o fato de Maximiano ter conseguido transitar pelas duas principais correntes literárias do Brasil no final do século 19: a do Alagoano Silvio Romero, que defendia que a literatura era sinônimo de cultura e deveria privilegiar o conteúdo, e a do paraense José Veríssimo, que entendia a literatura como a arte da palavra, com destaque maior para a forma.

"Essas duas vertentes constituíram o que eu chamaria duas igrejas literárias no Brasil. Maximiano transitava muito galhardamente nas duas", afirma Frederico. Destaca, ainda, a amizade construída por Maximiano com o também escritor paraibano radicado no Recife, Ariano Suassuna, e sua influência em sua obra. Maximiano e Ariano moravam em casas vizinhas, na rua do Chacon, no Poço da Panela. Coube ao escritor recifense, inclusive, escrever o prefácio de "Pedra do Reino", uma das mais consgradas obras de Ariano.

Biografia
Maximiano Accioly Campos nasceu no Recife, em 19 de novembro de 1941, e começou a escrever muito cedo, no Colégio São João. Foi um dos expoentes da Geração 65. Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco, foi cronista do Diario de Pernambuco e superintendente do Instituto de Documentação da Fundaj e secretário de Turismo, Cultura e Esportes do Governo de Pernambuco, durante a segunda gestão do governador Miguel Arraes. Do seu casamento com Ana Arraes, teve dois filhos: o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (1965-2014) e o advogado e escritor Antônio Campos. Uma passagem pouco conhecida sobre a trajetória artística do escritor foi sua produção como compositor de frevo. Em parceria com Arthur Lima Cavalcanti, escreveu “Serpentina partida”, bastante conhecido dos pernambucanos.

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