Rimas e Versos

A poesia de Pedro Américo e Wilson Araújo

Em comum a ambos, o prazer dos trocadilhos e as experimentações de linguagem

Pedro Américo, poeta e escritorPedro Américo, poeta e escritor - Foto: Socorro Nunes

Enquanto um divaga entre o real e o imaginário, em meio a trocadilhos, o outro ousa na experimentação da linguagem, com humor e sátira como instrumentos de contundência. São poetas.

Daqueles dos (bons) tempos em que os escritos pairavam sob olhares atentos de quem os consumia e o tanto quanto divagavam, e o tanto quanto se viam regozijados por uma leitura humorística e satiricamente dilacerantes. 

Respectivamente, fala-se, aqui, do maranhense de alma pernambucana Wilson Araújo e do ouricurense, hoje em terras mineiras, Pedro Américo, que também poetizou pelas bandas do Recife por quase cinco décadas. O mesmo tempo, aliás, em que é amigo e parceiro do poeta dos trocadilhos.
 


“Wilson e eu somos herdeiros dos agitados anos 1960 com ditadura civil-militar por um lado, mas com bossa nova e tropicália por outro”, conta Américo, tendo em resposta que “João Cabral escreveu ‘Educação pela Pedra’ e eu nomeei o verso do Pedro como ‘Educação pelo Pedro’”.

 

Livros de autoria do poeta e escritor Pedro Américo

Coautores no livro “ParÍmpar” (2009), que distingue a linguagem de ambos por meio de uma espécie de peleja poética, cada um ao seu bel prazer se esvai por entre seus próprios escritos, maturados pelo fervilhar nordestino comum às veias de ambos.

“Sou de Ouricuri, Sertão pernambucano... e vivi 48 anos no Recife, hoje moro em São João del-Rei (MG). Minha primeira produção literária foram redações escolares no ensino fundamental e cartas comerciais ainda na adolescência, considerando que eu já escrevia com a sensação do prazer do texto e a consciência do efeito que esperava obter”. Desde sempre, portanto, Pedro Américo se fez poeta, com o primeiro livro publicado em meados dos vinte anos.

Letrado parcialmente em Direito - abandonou o curso três anos depois - ele lecionou Português. “O que me levou a cursar Letras, que concluí sem ligar muito para ‘aquilo’". Saiu da sala de aula e foi para o comércio de livros usados, ou como ele ressalta “resolvi ser sebista para deixar de ser besta.” Na década de 1980, ingressou na Fundação de Cultura do Recife, de onde saiu aposentado em 2014. “No mais, sou sempre igual a mim mesmo. Tenho alguns livros publicados e estou com mais dois no forno."

Mas, afinal, Pedro Américo, artistas são seres em formação ou existe um 'começo, meio e fim' que culmina na consolidação de toda uma vida (na arte)? “O Senhor… Mire e veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão (Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas)”, responde.

Adepto, portanto, de que o “chegar lá” como grau final de carreira, em seu entender, “corresponde a uma morte antes da morte”, ele segue sob a inspiração da “potência expressiva da energia cósmica que movimenta o corpo que cria o gesto que gera o som humano que articula a fala que se faz língua que é de todos e que se traduz no singular: no texto e na fala de cada um”.

No Recife...
Ao menos de nascença o poeta Wilson Araújo é maranhense, porque de essência suas raízes são pernambucanas - levando em conta que ao longo de 74 anos de vida, pouco mais de cinco décadas são no Recife. E acaso trocaria o Nordeste por outros ares?  “Outros ares, outros mares, outras terras. Não seria bem trocar, mas levar tudo isso no matulão, como cantou Luiz Gonzaga”, pondera.

 

Wilson Araújo, poetaWilson Araújo, poeta 
 

Tal qual Américo, Wilson segue vociferando seus escritos, que considera-os sempre inconclusos. Para ele, 'Todo dia é dia de recitar Oswald de Andrade: ‘No Pão de Açúcar / de cada dia / dai-nos Senhor / a poesia / de cada dia’”. Mas qual o prazer que os escritos lhe trazem? “O de concluir o poema e depois o de saber como ele foi recebido”, ressalta Wilson, o poeta que semanalmente tem versos e rimas publicados no Portal da Folha de Pernambuco.

 

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