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Aerosmith levando a plateia a outra dimensão

Em entrevista exclusiva no Brasil para a Folha de Pernambuco, Steven Tyler fala dos 46 anos da banda, que encerra turnê no Classic Hall nesta sexta-feira

A Odisseia dos Tontos A Odisseia dos Tontos  - Foto: Reprodução/ Adorocinema

Há 46 anos na estrada com sua formação original, a banda norte-americana Aerosmith ensaia o seu o ato final com a turnê “Rock’n’Roll Rumble - Aerosmith Style 2016”, que chega nesta sexta-feira (21), a partir das 22h, ao Classic Hall, em Olinda. Em entrevista exclusiva no Brasil para a Folha de Pernambuco, o vocalista Steven Tyler confirmou que esta será a última turnê do grupo, que ainda é formado pelos guitarristas Joe Perry e Brad Whitford, o baixista Tom Hamilton e o baterista Joey Krammer.

Apesar de Hamilton já ter alegado em entrevista que a idade dos integrantes, entre 64 e 68 anos, tenha sido um dos fatores determinantes, tanto que em julho deste ano, Perry chegou a ser hospitalizado por problemas de saúde, muitos apostam que um dos motivos sejam os projetos paralelos dos músicos, como Tyler, que já anunciou que se dedicará à carreira solo.

Ainda assim, o vocalista se reserva às boas memórias e disse se sentir grato pela trajetória trilhada com os parceiros de banda, que explodiram em 1972 com “Dream On”, do álbum homônimo de estreia. O trabalho deu abertura para outros sucessos como “Sweet Emotion” e “Train Kept A-Rollin’”, da mesma década. 

Após chegar ao mainstream, o quinteto viveu o ostracismo das paradas musicais na década de 1980, quando Perry e Withford se afastaram do grupo por conta de vício em drogas. A banda só tornou a cair nas graças do público novamente ao fazer uma regravação da música “Walk This Way” com a dupla de rap Run DMC, em 1986.

No ano seguinte, lançaram “Permanent Vacation”, que trazia o hit “Angel”, apontando um novo momento na carreira da banda. As pegadas hard rock e heavy metal passaram então a abrir espaço para baladas como “Crazy”, “Cryn’” e “I Don’t Want To Miss a Thing”, que manteve a banda perto do público jovem já nos anos de 1990.

Esses sucessos se juntam a releituras e outras composições mais recentes como as do disco “Music From Ano­ther Dimension!”, o mais recente dos norte-americanos, lançado em 2012. Esta será a primeira apresentação do grupo em Pernambuco e encerra a sua passagem pelo Brasil, que também contou com datas em São Paulo e Porto Alegre.

“É a nossa última turnê, pelo menos por enquanto”
ENTREVISTA com Steven Tyler


Como foram os shows no Brasil até agora e o que podemos esperar para o Recife?
Boa pergunta. Os shows pegaram fogo como não víamos desde a última turnê, porque a plateia tem tanta paixão, parece como o começo da carreira, quando estávamos tentando consolidar o Aerosmith nos Estados Unidos e tentando fazer nossas canções irem para os estádios, até que tudo foi ficando maior. Temos reunido 40, 50 mil espectadores e isso tem sido incrível.

Vocês já fizeram uma turnê com o título de “Global Warming” e alertaram o público sobre o câncer de mama nos shows pelo País. Que tipo de causas interessam a vocês?

Tenho minha própria caridade chamada Janie’s Fund, que presta assistência a garotas que foram abusadas. O câncer de mama é uma causa importantíssima para o mundo todo e a gente já vinha tratando de maneira muito séria através da fundação. Como o show de Porto Alegre foi no dia D do combate à doença, toquei “Pink” em homenagem ao Outubro Rosa. Mas sobre a Global Warming Tour, era mais uma brincadeira do Aerosmith para colocar fogo no público. Claro que estamos preocupados com o aquecimento global, Davis Guggenheim é um grande amigo meu e fez o filme “Uma Verdade Inconveniente” e sabemos que é uma grande questão, porque muitas pessoas vivem suas vidas sem se dar conta do que acontece.

Esta será mesmo a última turnê do Aerosmith? Como você avalia os mais de 40 anos de banda?
Todos esses anos que a gente esteve juntos foram de muita alegria. Somos uma banda como qualquer outra, escrevemos músicas e esperamos que as pessoas curtam. É uma jornada fabulosa, escrevemos músicas esperando que as pessoas se conectem. Quando toca na rádio é como se as pessoas sentissem o que a gente sentiu ao tocar as músicas e isso faz chorar por dentro, vai além da lua. É algo muito doce e nos deu continuidade e força para fazer ainda melhor. Mas sim, é a nossa última turnê, pelo menos por enquanto.

Vocês explodiram nos anos de 1970 e foram emplacando novos hits ao logo das décadas. Estiveram na playlist dos jovens também dos anos de 1990, 2000. A que você atribui essa renovação de público?
De todos os álbuns que já fizemos, tiramos a energia do amor e da loucura das pessoas e as pessoas ficaram loucas com a nossa música de volta. Como a energia boa, eles não podem esperar para retribuir o que eles sentem.
De lá para cá, a sonoridade da banda mudou bastante, mas muitos fãs do começo acompanham o grupo até hoje também...
Eu espero que os fãs se apaixonem pelo sentimento que têm com o Aerosmith.
Esperamos só ficarmos melhores, ainda não lançamos nosso melhor álbum. Me sinto muito agradecido e honrado por ter fãs desde o começo que ainda amam as nossas novas músicas e não sei explicar o porquê, mas imagino que eles se sintam da mesma maneira que eu me sinto quando escuto Joe Perry. Eu nunca fiquei cansado de ouvir Joe Perry tocar a guitarra dele, sou um grande fã. Sou um grande fã de Jeff Beck, não importa o que ele faça, é o Jeff Beck. Acho que os fãs se envolvem e se apaixonam pelo sentimento que o Aerosmith traz.

Sendo parte de uma banda que influenciou vários outros grupos, como você enxerga o cenário da música contemporânea?
As pessoas estão fazendo música de maneiras diferentes. Fazem música no computador, mash-ups. Algumas pessoas fazem música tocando em boates para sempre até isso se tornar uma linguagem. O nosso jeito de fazer música era tirando pedaços de gente como The Yardbirds, Chuck Berry, Jimmy Page no Led Zeppelin, até mesmo da música clássica, como Beethoven, para criar a nossa própria linguagem em músicas como “Dream On” e “Train Kept A-Rollin’”. E graças a Deus deu certo!  

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