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“Através da Sombra” peca pelo excesso
Adaptação nacional, dirigida por Walter Lima Jr. e protagonizada pela atriz pernambucana Virginia Cavendish, está mais próxima do desastre do que da sutil beleza do horror filmado por Clayton
O filme “Através da Sombra”, que estreia nesta quinta-feira (10) no circuito pernambucano, é inspirado em um clássico da literatura fantástica - “A Volta do Parafuso” (1898), do escritor Henry James. No enredo, uma mulher é contratada para cuidar de duas crianças em um antigo casarão, onde coisas estranhas e aparentemente inexplicáveis começam a ocorrer. O livro já foi adaptado com excelência por Jack Clayton, no filme “Os Inocentes” (1961), e também em tantas outras versões esquecíveis, para o cinema e TV.
A adaptação nacional, dirigida por Walter Lima Jr. e protagonizada pela atriz pernambucana Virginia Cavendish, está mais próxima do desastre do que da sutil beleza do horror filmado por Clayton. Na versão, Laura (Cavendish) é contratada como professora de duas crianças órfãs por Afonso (Domingos Montagner, o ator falecido em setembro), que aparece apenas em uma cena curta e claramente mal executada, no começo do filme), tio delas. As crianças vivem numa fazenda de café no Interior de Minas Gerais.
Se há algo de positivo no longa é o casarão onde se passa a história. É uma edificação que parece ideal para esse tipo de horror psicológico, baseado na perda gradual da consciência do que é real; ambientes que através de pisos que rangem e frestas nas portas que deixam informações na penumbra conseguem enfatizar dramas pessoais prévios não inteiramente explicados. Mas a construção do susto está estranhamente perto do amadorismo: fantasmas com maquiagem branca excessiva, que fazem caras e gestos em tentativas bizarras de susto.
O principal problema parece estar nas interpretações; falta personalidade e carisma aos atores, que reproduzem o texto sem uma construção emocional intrigante. Todos parecem tentar em excesso, embora o drama psicológico de cada um pareça sugerir o caminho oposto como talvez o mais eficiente. A direção de Walter Lima Jr. parece interessada em certos enquadramentos que indiquem a ambiguidade das situações (frestas, cortes de luz, encenações que enfatizem um certo clima de pesadelo) do que na construção viável do horror dos personagens.
A adaptação nacional, dirigida por Walter Lima Jr. e protagonizada pela atriz pernambucana Virginia Cavendish, está mais próxima do desastre do que da sutil beleza do horror filmado por Clayton. Na versão, Laura (Cavendish) é contratada como professora de duas crianças órfãs por Afonso (Domingos Montagner, o ator falecido em setembro), que aparece apenas em uma cena curta e claramente mal executada, no começo do filme), tio delas. As crianças vivem numa fazenda de café no Interior de Minas Gerais.
Se há algo de positivo no longa é o casarão onde se passa a história. É uma edificação que parece ideal para esse tipo de horror psicológico, baseado na perda gradual da consciência do que é real; ambientes que através de pisos que rangem e frestas nas portas que deixam informações na penumbra conseguem enfatizar dramas pessoais prévios não inteiramente explicados. Mas a construção do susto está estranhamente perto do amadorismo: fantasmas com maquiagem branca excessiva, que fazem caras e gestos em tentativas bizarras de susto.
O principal problema parece estar nas interpretações; falta personalidade e carisma aos atores, que reproduzem o texto sem uma construção emocional intrigante. Todos parecem tentar em excesso, embora o drama psicológico de cada um pareça sugerir o caminho oposto como talvez o mais eficiente. A direção de Walter Lima Jr. parece interessada em certos enquadramentos que indiquem a ambiguidade das situações (frestas, cortes de luz, encenações que enfatizem um certo clima de pesadelo) do que na construção viável do horror dos personagens.
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