Barbarize lança o seu álbum de estreia, "Manifexta", uma explosão de diversidade sonora
No disco, o duo reafirma a pluralidade da sua música e está repleto de participações, como Fred Zeroquatro, Louise, Xis, MC Tchelinho, Oreia, J. Coppa, entre outros
Leia também
• Ney Matogrosso é o convidado desta semana no Tiny Desk Brasil
• Barbarize faz feat. com Oreia em "Imagina", videoclipe que mistura diversos ritmos
• Barbarize lança "Aquitaquente", novo single do álbum "Manifexxta"; assista ao clipe
Um manifesto musical de resistência, corpo e ritual, onde se encontram a ancestralidade e os beats digitais, em letras afiadas e performances eletrizantes.
Desde 2021, o duo Bárbara Vitória (Babi) e YuriLumin, mais conhecidos como Barbarize, vem revolvendo o lamaçal elétrico onde está fincada a comunidade do Bode, no Pina, zona sul do Recife, para criar um som que faz avançar o ideário mangue, concebido três décadas atrás.
Alquimia sonora
Em “Manifexta”, primeiro álbum de Barbarize, lançado no fim de outubro, eles canalizam a miscelânea, a alquimia sonora que vem impressionando o público que os acompanha desde as primeiras apresentações e lançamentos.
Escreva a legenda aquiAfrobeat, trap, funk, reggaeton, pop e maracatu estão na mistura potente que o duo lança mão em “Manifexta”, que teve faixas produzidas por Thiago Barromeo (já indicado ao Grammy Latino), YuriLumin, DJ Luciano Rocha (produtor de MV Bill) e Itoo.
O álbum também contou com um time de peso para as participações: Fred Zeroquatro, Louise, Dada Yute, MC Tchelinho (Heavy Baile), Oreia, J. Coppa, Xis e Lino Krizz reforçam o caráter coletivo do trabalho.
Som que barbariza
Do surgimento de Barbarize, em 2021 - quando lançaram o EP “Sobre Vivências Periféricas” -, até o lançamento de “Manifexta”, a trajetória do duo foi o de se lançar nas experimentações musicais que faziam a sua cabeça, sem distinções musicais.
“A gente escuta de tudo. Do Oiapoque ao Chuí. A gente tem muita referência de música, de vários lugares diferentes do mundo, e eu acho que isso acabou refletindo no que a gente queria fazer”, pontua Bárbara, citando exemplos como o rapper francês MHD (que cunhou o gênero afro trap) e o grupo português Buraka Som Sistema.
Só que eles fizeram do seu jeito: trazendo as referências locais, como as batidas do coco, células do maracatu ou das batidas dos terreiros. “É tipo sair pegando o click do coco roda, misturado com uma melodia de trap, com um arranjo meio reggaeton, tá ligado?”, explica YuriLumin.
“A gente não fica tentando se encaixar em alguma coisa. A gente faz a partir do nosso feeling, o que o nosso ouvido acha massa, o que o nosso corpo acha massa”, complementa Babi.
“Manifexta”
O álbum reúne essas diversas referências, costuradas a partir de uma estética que o duo chama de “punk afrofuturista reciclado”. Percussões orgânicas - que tiveram a colaboração do músico Maurício Badé - aludem à ancestralidade e se combinam a beats digitais, apontando para o futuro.
Abrindo passagem, a reza/poema “Exu” inicia o álbum, seguido da instrumental “MNFXT”. Uma introdução ritualística que prepara os ouvintes para uma guerra e para uma festa, ou, como diz o duo, para a “música de protesto com glitter na cara”.
A sequência do disco é pura pancada sonora e textual: Josué de Castro e Chico Science são lembrados na música “Mangue”, que traz a participação de Fred Zeroquatro. Louise, filha de Chico, divide os vocais com a dupla em “Jah Amor”, que inicia com batidas de maracatu, falando sobre o Recife.
Bom humor também estão nas letras do funk “Oi, sumido”, com MC Tchelinho, e “Imagina”, com Oreia, além de “DR”, que traz o casal tendo uma teatralizada discussão de relação. O paulista Dada Yute aporta com seu reggae em “Mundo Gira”. O rapper Xis versa na crônica “Pararatibum”. O parceiro internacional J. Coppa está em “Boom Boom”, single lançado em 2024.
Encerrando o álbum, Lino Krizz participa da faixa “Mangueboogie”, que reafirma a capacidade de múltiplos diálogos que o Manguebeat trouxe e que a dupla vem exercendo, avançando ainda mais.

