Beco do Batman, em SP, é repintado com luto por assassinato do artista NegoVila
NegoVila, 40, foi atingido com um tiro disparado por um policial na madrugada de sábado (28)
O Beco do Batman, ponto turístico na Vila Madalena, zona oeste da capital, amanheceu todo pintado de preto e com dizeres "Nego eterno", "Nego eternamente" e "Mais 1 Nego Assassinado" nesta segunda-feira (30). A intervenção, feita por artistas e grafiteiros do espaço, ocorreu após o assassinato de NegoVila, 40, atingido com um tiro disparado por um policial na madrugada de sábado (28) quando ele tentava apartar uma briga entre o suspeito e um de seus amigos.
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Na confusão, segundo testemunhas, ele levou um soco, revidou e foi alvejado pelo policial, preso em flagrante pouco depois. Socorrido, o artista chegou morto ao hospital. NegoVila era o nome artístico de Wellington Copido Benfati, que era, além de assistente de produção cinematográfica, skatista e muralista.
O caso ocorreu em frente a uma distribuidora de bebidas na Vila Madalena. No domingo (29), o corpo de NegoVila foi velado no cemitério da Lapa, em São Paulo, sob forte comoção. Com o caixão, foi enterrado o skate do artista, que recebeu mensagens como: "que papai do céu te cubra de luz".
NegoVila deixou uma filha de nove anos e três irmãos. O caso foi registrado pelo 14º DP (Pinheiros), que apura os fatos, e a Polícia Militar instaurou inquérito molitar para investigar todas as circunstâncias relacionadas à ocorrência, segundo a Secretaria de Segurança Pública em nota.
O Beco do Batman, palco do protesto desta segunda, é um dos principais pontos turísticos da cidade, conhecido por reunir murais coloridos com temáticas diversas. A intervenção foi feita coletivamente pelos artistas do Beco, que aceitaram a causa, afirma o grafiteiro Canhoto 001.
Além dos dizeres em homenagem à NegoVila, foram pintadas frases como "Armas não", "Vila Madalena em luto", "Mais um pai de família é eliminado pelo sistema, até quando?" e "Vidas pretas importam".
O assassinato do artista negro aconteceu nove dias depois de Beto Freitas, também negro, ser espancado até a morte por seguranças de uma unidade do Carrefour, em Porto Alegre. O crime, ainda sob investigação, chocou o país.