"Springsteen: Salve-Me do Desconhecido" aborda a depressão de forma sensível e sem reducionismo
Filme estrelado por Jeremy Allen White retrata período em que Bruce Springsteen lidou com questões de saúde mental
“Springsteen: Salve-Me do Desconhecido”, que estreia nesta quinta-feira (30) nos cinemas, não é uma cinebiografia comum. Diferente de outras produções que buscam desenhar uma jornada ascendente de grandes astros da música, o filme roteirizado e dirigido por Scott Cooper está mais interessado em revelar as lutas internas de Bruce Springsteen, focando em um período específico da vida do músico norte-americano.
Adaptação do livro “Deliver Me from Nowhere”, de Warren Zanes, o longa-metragem joga luz sobre o processo de criação do icônico álbum “Nebraska”, lançado em 1982. Considerado um marco na carreira do cantor e compositor, o disco acústico trouxe músicas captadas em um gravador de quatro faixas no quarto de Springsteen em Nova Jersey.
Apresentado ao público em um momentos e crescente popularidade o astro, o álbum causou estranheza, ao mesmo tempo em que arrancou elogios da crítica especializada. O som cru e com letras extremamentes pessoais revelam um artista que passava por um momento de profunda depressão, o que é abordado no filme com sensibilidade e sem reducionismos.
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Jeremy Allen White, protagonista da badalada série “O Urso”, encarou o desafio de aprender a cantar e tocar violão para conseguir interpretar Bruce Springsteen. Esse é, sem dúvidas, um diferencial que confere mais realismo ao seu trabalho. Mas, para além da performance musical, o ator se destaca por entregar em sua interpretação a profundidade de sentimentos que o personagem carrega.
“Springsteen: Salve-Me do Desconhecido” consegue manter o equilíbrio entre oferecer o chamado “fan service” e revelar aspectos pouco conhecidos de uma figura famosa. Para os fãs, o longa mata a vontade de ver na tela os detalhes por trás da criação de músicas como “Born in the U.S.A.” e “Atlantic City”. Por outro lado, aqueles que não estão familiarizados com o artista podem se identificar com a forma como o filme aborda o tema da saúde mental.
O tom melancólico domina o longa, inclusive na escolha de uma fotografia com menos luz e cores. Flashbacks em preto e branco expõem a infância de Bruce Springsteen e sua complexa relação com o pai, Douglas (Stephen Graham), que sofreu com problemas com o álcool e questões psicológicas.
No topo das paradas musicais, Springsteen passa a sentir um enorme vazio. Os traumas vêm à tona e a depressão molda suas relações, inclusive amorosas. Só após buscar terapia, com o incentivo de amigos, o artista começa a vencer seus próprios fantasmas, mas o que o filme não parece buscar apresentar soluções fáceis. Sem discurso motivacional, o retrato é mais humanizado e, por isso mesmo, mais inspirador.

