'Casuarina - 18 Anos Ao Vivo': samba com aroma da boemia carioca
Grupo de samba carioca celebra maioridade com disco gravado, ao vivo, do Centro Cultural Carioca (CCC)
O cenário é simples de visualizar: Rio de Janeiro, Lapa, batuque e boemia regados à cerveja servida no copo americano. Desce, então, "Canto de Ossanha", "Disritmia" e "Falso Moralista", e sigamos sentindo o aroma peculiar do ritmo mais carioca de todos, o samba. Esses são alguns dos privilégios facilmente percebidos em "Casuarina 18 Anos - ao Vivo", álbum que, assim como os demais do grupo formado nos saraus universitários da Cidade Maravilhosa há quase duas décadas, remonta à essência do gênero com propriedade e consagra a tradição dos pandeiros, bandolins e cavaquinhos de outrora.
Gravado no Centro Cultural Carioca (CCC), o disco, lançado recentemente nas plataformas digitais, compila, em onze faixas, clássicos de Baden Powell e Vinicius de Moraes, Nelson Sargento, Martinho da Vila e Wilson Moreira, entre outros bambas da nova geração.
"É um projeto de carreira onde celebramos os anos de banda e de convívio entre os quatro integrantes que também são fundadores do grupo. A harmonia e a cumplicidade construídas ao longo desse tempo ficam flagrantes no disco, que tem um repertório pensado no percurso e nas músicas que ficaram marcadas e que o público sempre pede nos shows. Assim como também era nosso desejo levar um pouco do Rio, da Lapa, para todos os lugares que vamos", conta Rafael Freire, à frente do cavaco e dos vocais junto a Daniel Montes (violão de 7 cordas e vocais), Gabriel Azevedo (pandeiro e voz) e João Fernando (bandolim e vocais).
Apesar da fidelidade à tradição do samba, o Casuarina - que, ao longo da carreira, embalou oito discos, dois DVDs e levou o prêmio de Melhor Grupo de Samba na edição do Prêmio da Música Brasileira em 2017 - se impõe em harmonias e cadências próprias oriundas de experimentações individuais do grupo, fato que traz ao som que praticam uma espécie de perfume diferente, como pontua Rafael.
"O samba é a nossa raiz, gênero que nos orgulhamos em defender mas também ouvimos outras coisas e isso faz com que levemos algumas influências". Fato constatado, por exemplo, na faixa "Certidão", assinada por João Fernando e João Cavalcanti, este último ex-integrante do grupo e filho do cantor e compositor pernambucano Lenine.
Com shows e turnê internacional interrompidos pela pandemia do novo coronavírus, a ideia do grupo é cair na estrada com o "Casuarina 18 Anos - Ao Vivo" assim que a normalidade voltar. Até lá, além do álbum disponível nas plataformas digitais, o grupo literalmente dá as caras em lives nas redes sociais, como forma de se "manter conectado com o público", de acordo com Rafael, e, na simplicidade de quem também aprendeu com o samba, aproxima-se das pessoas sem refino e tão somente levado por autênticas batucadas.
"É tudo bem diferente do que estamos acostumados a fazer, mas é uma forma interessante de comunicação. Também já fizemos videoclipes com músicas de nosso repertório, cada um de sua casa, em um clima informal e que nos aproxima de todos que acompanham nosso trabalho", conclui.
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