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Com crise econômica, circuito de shows vive fase minguada

Crise financeira leva à pouca procura por ingressos e ao cancelamento ou adiamento de apresentações em Pernambuco

ValerianValerian - Foto: Divulgação

Remarcado para este sábado (1º), o show “Rainha dos Raios”, que Alice Caymmi apresentaria em formato voz e violão foi cancelado na última quarta-feira (28). Inicialmente, o espetáculo havia sido marcado para o dia 5 de setembro e chegou a ser adiado para 1º de outubro, sendo posteriormente cancelado por “motivo de força maior”, segundo a produção do evento.

Apesar da nota, as informações que correm nos bastidores é de que a apresentação não tinha vendido a quantidade de ingressos mínima para tornar o evento viável.

Procurado pela redação da Folha de Pernambuco, o produtor Saulo Gouveia adiantou que uma nova data em 2017 já estava sendo estudada para a cantora, que virá com banda. Por hora, ela se apresentará apenas em Fortaleza, no Ceará, no dia 23 deste mês. Cancelamentos e adiamentos tem sido recorrentes no Estado que tem vivido um ano menos agitado em 2016 por conta da crise econômica, segundo realizadores. “Tem sido absurdamente mais difícil fazer um evento neste ano. A queda de venda de ingressos no segmento de reggae e rap tem sido em mais de 50%. Mas não é só aqui, é no Brasil inteiro. O nosso público envolve muita gente da classe B e C, cuja prioridade não é show”, observou Dirceu Melo, da Nuvem Produções, que recentemente adiou o festival Celebração Reggae, no Clube Português, que aconteceria em 16 de setembro, para 25 março do ano que vem, com atrações como a banda Mato Seco. O produtor disse que o adiamento se deu pela greve dos bancários que prejudicou a logística do evento, com menor quantidade de dinheiro em circulação.

Até mesmo os grandes cânones da música têm sofrido as consequências da fase ruim da economia brasileira. Durante um de seus shows pelo Recife neste semana, o compositor Tom Zé comentou que voltaria a fazer mais shows pela Europa neste ano, por conta da falta de convites no Brasil. Na ocasião, o músico apontou o corte na verba do Sesc como um dos fatores que tem implicado a falta de iniciativas na área. Outro nome que foi atingido pelo impacto da crise foi a cantora Gal Costa, que apresentaria o espetáculo “Estratosférica” no Teatro Guararapes em 26 de março e teve a data adiada para 2 de junho, cancelada poucos dias antes do show que, até agora, não foi apresentado na Cidade (mas veio ao Festival de Inverno de Garanhuns, em julho).

“O desafio é levar público, tanto pela crise atual, mas pela questão de que muitos eventos gratuitos provocam uma acomodação do público de esperar pelos festivais públicos. A alternativa é de fazer promoção, baratear os preços. Todo mundo ganha menos por conta da conjuntura. A tendência é fazer shows menores e maior quantidade, ao invés de um show grande”, explicou Wagner Staden, da Mamahuê Produções.

Sensível às dificuldades dos realizadores, o músico Xangai, que esteve no Recife no último 10 de setembro para apresentação no formato voz e violão ao lado de Maciel Melo, no Teatro Boa Vista, comentou que o artista também precisa se adaptar à realidade. “Eu adoraria cantar sempre com uma Orquestra Filarmônica de Berlim, uma Orquestra de Frevo, mas a gente não pode contar sempre com essas benesses. Posso garantir eu mesmo e isso facilita para os produtores nos contratar. Com a banda é mais caro e quem garante que as casas vão lotar e dar retorno? Nem todas as empresas se dispõem a contratar música de qualidade. Quem faz música paras as massas não leva a nada. São músicas que deseducam e alienam as pessoas”, disse o compositor.

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