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CULTURA

Conheça Amanda Gomes, bailarina brasileira que faz sucesso nos palcos da Rússia

Goiana coleciona prêmios, fama e agora uma homenagem do ministério das Relações Exteriores: 'Não é um momento feliz para o mundo

Amanda Gomes durante apresentação na 14ª Competição Internacional de Ballet de Moscou, na qual conquistou a medalha de prata Amanda Gomes durante apresentação na 14ª Competição Internacional de Ballet de Moscou, na qual conquistou a medalha de prata  - Foto: Divulgação/Ópera de Kazan/Yulia Mikhaleeva

Aos 28 anos, a bailarina brasileira Amanda Moraes Gomes sente que já tocou o céu com as mãos. Se aos 7 anos esta goiana, que é uma verdadeira força da natureza, sonhava com colocar as sapatilhas de balé e dançar, aos 28 a jovem bailarina já é uma figura consagrada no país que adotou como seu, a Rússia. Amanda é a primeira bailarina da Ópera de Kazan, capital da República do Tartaristão, região semiautônoma do país.

Por sua trajetória, ela foi condecorada em 5 de abril com a Ordem do Rio Branco, maior honraria concedida pelo Ministério das Relações Exteriores brasileiro, entregue na Ópera de Kazan, com a presença do embaixador do Brasil na Rússia, Rodrigo Baena Soares.

— O embaixador veio a Kazan (800km a leste de Moscou) assistir ao espetáculo, isso é de uma enorme sensibilidade. Fiquei com um nó na garganta — conta Amanda, depois de um longo dia de trabalho no teatro que já virou sua casa na Rússia.

A bailarina se mudou para Kazan há dez anos, e há dois formou com o bailarino russo Mikhail Timaev o que chama “de casamento na vida e nos palcos” — um relacionamento que começou com um beijo cênico.

Fama e prêmios
A brasileira que aos 10 anos trocou Goiânia por Joinville para estudar na escola do Bolshoi no Brasil, a única fora da Rússia, está vivendo a vida que sempre sonhou. Depois de se destacar entre os alunos da escola, Amanda dançou em diversos teatros do mundo, venceu campeonatos, ganhou prêmios e recebeu propostas para morar no exterior. Mas a única que mexeu com seu coração foi a da Ópera de Kazan.

— Desde que conheci a Rússia, aos 14 anos, quis morar aqui — conta a bailarina.

Vale lembrar que Amanda, há mais de dois anos, vive em um país em guerra com a Ucrânia.

— Não é um momento feliz para o mundo. O que posso fazer é tornar o dia de cada um menos triste. A arte transforma — diz Amanda, que afirma tentar levar uma vida normal. — Mesmo dançando em teatro russo, o calor e a musicalidade brasileira estão em mim. Essa mistura faz a arte mais rica.

Ao longo da carreira, Amanda já interpretou diversos personagens e, segundo a crítica, cativa o público com seu carisma. Já foi primeira bailarina em balés clássicos como “Giselle”, “O Quebra-Nozes”, “O lago dos cisnes” e “Coppelia”.

 

Dá para dizer que Amanda já é uma celebridade em seu país de adoção. Em março de 2020, conquistou o Prêmio Tantana (“triunfo”, em russo) do Ministério da Cultura da República do Tartaristão, concedido por sua performance no papel de Medora do balé “O Corsário”. Em junho de 2022, a bailarina conquistou a medalha de prata na 14ª Competição Internacional de Ballet de Moscou, um dos mais importantes torneios de balé do mundo. E, em março deste ano, Amanda recebeu o Prêmio Bravo, concedido aos mais destacados artistas dos BRICS (grupo formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e que incorporou recentemente novos membros, entre eles o Irã).

A bailarina ainda lembra quando seus pais abandonaram Goiânia para ajudar a filha a cumprir seu sonho de estudar na escola do Bolshoi em Santa Catarina. Foram anos de enorme sacrifício para todos, fases de apertos econômicos, muito esforço e dedicação. A jovem bailarina chegava exausta em casa e muitas vezes estudava para as provas da escola no colo da mãe.

— Estava tão cansada que mal conseguir abrir os olhos. Foram anos pesados, mas valeram a pena — diz Amanda, que hoje acompanha de longe a irmã de 11 anos, Isabela, seguir seus passos na escola do Bolshoi de Joinville.

Pandemia e guerra
A saudade está batendo: já são quatro anos sem sair da Rússia. Primeiro, foi a Covid-19 que a impediu de viajar. Agora, são as sanções aplicadas ao país governado por Vladimir Putin após a invasão da Ucrânia, em 2022, que dificultam turnês.

Antes, a bailarina passou por palcos de Holanda, Bélgica, França, Dinamarca, Alemanha, EUA, Turquia, Itália, Cazaquistão, Bulgária, Suíça, Uruguai, Paraguai, Chile e, claro, Brasil.

Hoje, ela fala o idioma russo perfeitamente e não pensa em deixar sua nova casa. Quando é perguntada sobre o que diria às meninas que, como ela, sonham em ser bailarinas, ela diz:

— É preciso dedicação e disciplina. Mas quando queremos muito alguma coisa, temos de imaginar que estamos lá, fazendo o que queremos. O caminho vai aparecendo.

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