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Covers: artistas que se dedicam à vida e obra de seus ídolos

Artistas pernambucanos imortalizam ídolos e "vivem as vidas" de Wladick Soriano, Elvis Presley e Reginaldo Rossi

Edmilson, como Vaginaldo RossiEdmilson, como Vaginaldo Rossi - Foto: Arthur Souza/Folha de Pernambuco

Trajes e acessórios fazem parte, claro. Identificam artistas. Performances, trejeitos e voz o tanto quanto. São caminhos elementares para qualquer cover que se preze, mas viver a vida de um ídolo inclui ir além da reprodução de gestos e tem que ter, por exemplo, além de boas histórias para contar, alegria desmedida para entendê-lo dentro e fora dos palcos.

E pelo menos três pernambucanos têm suas rotinas conduzidas por celebrações a nomes saudosos da música brasileira e mundial, e se encaixam bem neste perfil que une trabalho e prazer e os transformam em Reginaldo Rossi, Waldick Soriano e Elvis Presley, vividos, respectivamente, por Edmilson Costa, Luíz Tarcísio e Milton Nóbrega.



Cada um, à sua maneira, atua da mesma forma com que os seus artistas prediletos faziam nos palcos, isso inclui provocar emoções e reviver afagos de plateias que enxergam eles, por vezes, tais quais os "ídolos de verdade". Fato que, em boa parte das vezes, não causa incômodo aos covers, mas a necessidade de manter uma certa distância entre o que são e no que se transformam a cada show, sempre vem à tona.

Luis Tarcísio, como Waldick Soriano


"É preciso ter uma cabeça muito boa para você não achar que é o próprio cantor, porque não é difícil surgir um fã que alimenta essa verdade e acha que, de fato, está diante do artista", comentou o comissário de polícia aposentado Luiz Tarcísio, que, na aparência, mantém uma fidelidade que chama atenção, a um dos nomes da boemia das décadas de 1970 e 1980, Waldick Soriano (1933-2008). Aos 77 anos e há 14 anos na estrada como cover do cantor carioca, ele não hesita em contar sobre sua relação de proximidade com o músico, durante as vindas dele para shows no Recife.

"Eu o acompanhava como segurança. Ele não me chamava pelo nome, mas de 'polícia', e chegou a me avisar algumas vezes que estava vindo e precisava do meu serviço. Foram anos ao seu lado em muitas casas noturnas da cidade, mas bem antes dessa fase passei a infância ouvindo Waldick em minha casa, com meus pais que eram fãs dele", contou ele em visita à Folha de Pernambuco, onde chegou caracterizado com as emblemáticas vestes que marcaram um dos ícones da música brega: óculos pretos, calça preta cuidadosamente 'no vinco' e chapéu da mesma cor, o que o deixou "a cara do homem", frase que ele começou a escutar desde os tempos em que não pensava em "tornar-se o homem".

"Passei a ouvir de todo mundo que eu estava parecido com ele, e tudo muito naturalmente. Foi quando entre amigos, em mesas de bares, entoando músicas dele, a brincadeira se tornou séria. Não é raro levantar dúvidas, até se ele já morreu, pelo fato de me acharem o próprio Waldick Soriano. E eu digo sempre que eu apenas sou o cover dele", ressaltou Luiz Tarcísio, que permanece na ativa revivendo sucessos do brega-romântico, entre eles, "Eu Não Sou Cachorro Não", "Tortura de Amor" e "A Carta".

"Não me considero cover e sim um ator que criou um personagem"
O ex-comerciante Edmilson Costa esboça os trejeitos do 'Rei do Brega', morto em 2013, em decorrência de um câncer no pulmão. Com nome artístico de "Vaginaldo Rossi" - personagem criado por ele para viver Reginaldo Rossi em um programa de humor de uma emissora de televisão local - ele também levou a "brincadeira a sério", a ponto de passar a viver financeiramente do ofício de viver o artista local de maior peso do gênero brega.

"E vale dizer que comecei a homenagear o Reginaldo ainda quando ele era vivo, não só depois que ele se foi", faz questão de reforçar o cover, que carrega, de fato, o humor, principalmente quando improvisa os ares saudosos do cantor e compositor pernambucano, que se utilizava com maestria de frases que defendiam as mulheres cotidianamente traídas pelos homens.

Assim como Luis Tarcísio, com Waldick Soriano, Edmilson procura separar sua identidade da de Reginaldo Rossi. Embora a sua cabeleira dificulte essa separação, fato que o faz ser chamado nas ruas pelo seu nome do ídolo, ele ao menos tenta incorporar o "Rei" ao subir nos palcos e sair dele quando encerra as apresentações.

Edmilson, como Vaginaldo Rossi




"Vivencio o Rossi só em cena, acabou não sou mais o personagem. Sou o Edmilson. Tem que dividir os dois lados, apesar de admitir que perdi um pouco minha identidade. Já presenciei pessoas chorando nos shows, e por isso tem que ter uma cabeça boa para não surtar e achar que é o próprio cara, porque aquilo ali é uma fantasia", pondera Edmilson, que participou de shows junto à banda que acompanhava Reginaldo, além de ter atuado no filme "Reginaldo Rossi: Meu Grande Amor", sobre a história do cantor de hits do porte de "A Raposa e as Uvas", "Leviana" e "Garçon".

Esta última, inclusive, cantada, ou melhor, vivida por Edmilson durante sua visita à Redação da Folha de Pernambuco, com direito a mesa de bar e contação de histórias costumeiras que eram trazidas pelo artista. "Estou ali mantendo acessa a chama para não deixar ele morrer em nós, nem a suas músicas", justifica.

"A emoção e responsabilidade são gigantescas"
A impressão é que, de fato, 'Elvis não morreu', porque o profissional de Educação Física Milton Nóbrega, de fato, faz jus à frase, e não necessariamente pela aparência ao cantor americano Elvis Presley (1935-1977), mas pelo conhecimento que carrega acerca de um dos mais significativos ícones da música mundial, com legado que permanece vivo pelos arredores de todo o mundo. "Ele é incomparável, como artista e como pessoa e até hoje é lembrado. Eu, particularmente, melhorei muito como ser humano, estudando e pesquisando a vida do eterno Rei do Rock", ressalta o cover.

Em paralelo a suas atividades como empresário, Milton circula por aí afora com a "cara de Elvis", aparentada pelo corte de cabelo acompanhado, é claro, do topete, além das costeletas e acessórios que eram utilizados pelo mito do rock, como aneis e óculos escuros. Para Milton, ser cover é muito mais do que um tributo, uma vez que o que se experiencia adentra muito mais a vida dos ídolos do que a "mera" reprodução de músicas do artista.

Milton Nóbrega, como Elvis Presley



"Vivo muito a vida dele, embora minha essência permaneça, mas o que puder ser como ele, como por exemplo ter a solidariedade, a simplicidade e o amor que Elvis tinha pelos fãs e amigos, eu trago para minha realidade", enaltece o fã do gênero rock, que o levou a formar uma banda ainda na infância, até introduzir no repertório hits como "It's Now or Never" e "Suspicious Minds" - dois dos sucessos que marcaram a trajetória do Rei do Rock and Roll. "Elas se encaixaram perfeitamente em minha voz", gaba-se ele, que alterna sua dedicação ao cantor americano, entre shows, itens que guarda em casa que o remetem ao ídolo e viagens que já fez, por exemplo, para Memphis, cidade americana que tem entre as atrações turísticas mais procuradas, a mansão Graceland, de Elvis.




 

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