Crítica: 'Deadpool 2' traz de volta anti-herói desbocado
Depois do sucesso do primeiro filme, lançado em 2016, Ryan Reynolds retorna ao papel de Deadpool. O longa-metragem, que estreia nesta quinta-feira (17), traz mais violência, piadas, referências variadas à cultura pop e obscenidades
A grande quantidade de filmes de heróis nos últimos anos fez de "Deadpool" (2016) uma surpresa interessante: um cinema despretensioso, feito de humor e ação, se afastando um pouco das ambições épicas de adaptações como "Vingadores", "X-men" e "Batman". Deadpool (Ryan Reynolds) não lutou para salvar o mundo, tampouco enfrentou um vilão com plano exagerado: queria apenas vingança contra o homem que, ao mesmo tempo em que lhe deu poderes, também deformou seu rosto.
"Deadpool 2", o novo filme, começa com o personagem-título contando como vem enfrentando vilões, matando malfeitores com alto grau de violência enquanto faz piadas. Ele é bem-sucedido porque não pode morrer: é capaz de se regenerar de tudo - e durante o filme acompanhamos a extensão desse poder de cura, com uma medida intensa de violência (a classificação é 16 anos, enquanto "Vingadores: guerra infinita", por exemplo, é 12). Até que um bandido consegue contra-atacar: invade sua residência e no processo atira em sua namorada, Vanessa (a atriz carioca Morena Baccarin).
Ao longo da história, Deadpool tenta de diversas formas acabar com sua própria vida, mas é incapaz de ter êxito. Ele começa a trabalhar com os X-men, repetindo as participações de Colossus (Stefan Kapicic) e Negasonic (Brianna Hildebrand).
Até que ele conhece Russell (Julian Dennison), garoto que, por ser mutante, sofre abusos em uma instituição de ensino. Ambos acabam em uma prisão para mutantes e precisam enfrentar Cable (Josh Brolin), um soldado que veio do futuro para matar o garoto, que, neste futuro, se tornará um assassino em série.
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O filme parece aumentar o volume das características que deram certo no longa-metragem anterior. É o mesmo tipo de risco de "Guardiões da Galáxia Vol. 2": depois de uma estreia de sucesso e, de certa forma, surpreendente, baseado em personagens dos quadrinhos que não tinham grande apelo popular, a Marvel investe pesada e, às vezes, exageradamente - nos fundamentos que deram certo. No caso de "Deadpool 2", há mais violência, piadas, referências variadas à cultura pop e obscenidades em geral.
Também como o primeiro filme, há muita metalinguagem: o herói fala constantemente com o espectador ao mesmo tempo em que faz referências cômicas a outros filmes de heróis da Marvel e da DC Comics. Ryan Reynolds consegue representar bem essa espécie de anti-herói desbocada e ambígua.
É essa perspectiva mais solta que deixa Deadpool um pouco mais interessante do que outros heróis da Marvel, embora o filme não use todo seu potencial, recorrendo a uma grande quantidade de piadas óbvias sobre sexo e escatologia.
Dirigido por David Leitch ("Atômica"), "Deadpool 2" se esforça para criar uma história maior do que apenas a junção de esquetes cômicos. Há uma cena em especial, em que o herói reúne um time para uma missão de resgate - a melhor sequência do filme, que conta inclusive com a participação surpresa de Brad Pitt, durante um segundo.
Mas a sensação segue de um projeto de cinema que coloca o humor acima de tudo, satisfazendo-se em tentar entreter reforçando um tipo já conhecido e um tanto reciclado de comédia.
Cotação: bom
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