Crítica: 'Han Solo: Uma História Star Wars' é fraco e desnecessário
O roteiro mediano de "Han Solo" não sustenta momentos que deveriam ser épicos, como o primeiro voo do personagem na nave Millenium Falcon
É impossível pensar em “Han Solo” sem refletir sobre o que a indústria cinematográfica vem fazendo com as sagas. Destinadas a terem derivados e continuações para sempre — ou até que a falta de lucro os separe —, franquias como “Star Wars” e “Harry Potter”, para citar apenas duas, vêm sendo alvo de uma visão mercadista do cinema que se importa com tudo, menos o conteúdo dos filmes. Com tanto que estes tragam pelo menos alguns dos personagens favoritos dos fãs, os derivados e as continuações são garantia quase certa de alta bilheteria. Pelo menos, é o que se espera.
Não é preciso acompanhar “Star Wars” desde o começo para entender o impacto que a saga tem no mundo nerd. A exibição de cada um dos — até agora — nove filmes é uma promessa de salas lotadas, fãs ansiosos e filas de cosplay. “Solo” já se diferencia aí: nenhuma das salas de cinema da Região Metropolitana do Recife apresentou um número de telespectadores sequer perto da lotação na madrugada de pré-estreia. O filme vem sendo tratado com indiferença pelos próprios cinemas, que não disponibilizaram, ao longo da semana, tantas sessões como é comum para grandes filmes em sua primeira semana de estreia.
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Tal receio ao abraçar o mais novo longa-metragem da franquia espacial não é desacertado: “Han Solo” entrega uma narrativa incapaz de empolgar o telespectador. Com um roteiro preguiçoso, o novo filme promete tratar das aventuras do contrabandista Han Solo (Alden Ehrenreich), já devidamente conhecido e adorado pelos fãs graças a suas participações em duas das três trilogias da saga. Originalmente interpretado pelo ótimo Harrison Ford, o personagem agora se perde na não convincente atuação de Ehrenreich. Surpresa para ninguém, visto que o ator teve que fazer aulas de atuação durante as filmagens.
Entre batalhas infinitas (e visualmente incômodas) e reviravoltas previsíveis, “Solo” não parece um filme de “Star Wars”. É como se a atmosfera do longa fosse outra, não adaptável à saga de George Lucas. Falta drama, conexão, intensidade, grandiosidade.
Outros personagens
O roteiro preguiçoso não deixa espaço para ninguém brilhar além de Donald Glover. Seu personagem, Lando Calrissian, versão mais jovem do interpretado por Billy Dee Williams, é carismático, charmoso e sedutor. Um rosto interessante no meio de protagonistas-figurantes como Qi'ra (Emilia Clarke) e Beckett (Woody Harrelson), que o filme até tenta vender como personagens plurais e complexos, mas falha desastrosamente. Fica a certeza de que um filme sobre Lando e sua droide, L3 (interpretada por Phoebe Waller-Bridge e uma personagem completamente perspicaz e divertida), seria infinitamente mais interessante.
Por fim, “Han Solo” se propõe a mostrar pontos chaves da personalidade do famoso piloto: o primeiro voo na sua nave Millenium Falcon, o começo da amizade com o wookie Chewbacca (Joonas Suotamo), a origem de seu sobrenome. Tais pontos, contudo, não são suficientes para engatar um sentimento de afinidade com os personagens e o filme em si. Passam, inclusive, como um completo — e desnecessário — fanservice, mas um que, surpreendentemente, ninguém pediu.
Cotação: Regular