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Crítica: 'Yesterday' imagina um mundo sem os Beatles

Filme dirigido por Danny Boyle traz bons momentos ao som do quarteto de Liverpool, mas derrapa em trama previsível e repleta de clichês

Himesh Patel vive o protagonista de "Yesterday"Himesh Patel vive o protagonista de "Yesterday" - Foto: Divulgação

"Um mundo sem os Beatles é um mundo infinitamente pior", frase dita em uma das cenas de "Yesterday", resume a proposta do filme britânico que estreia hoje nos cinemas brasileiros. Dirigido por Danny Boyle ("Quem quer ser um milionário?" e "Trainspotting") e com roteiro de Richard Curtis ("Um lugar chamado Notting Hill"), o longa-metragem propõe um exercício de imaginação. O que seria de nós se John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr não tivessem existido?

O público é apresentado à história de Jack Malik (Himesh Patel), um cantor e compositor desiludido com os sucessivos fracassos na carreira musical. Estranhamente, a "virada no jogo" ocorre depois que ele sofre um acidente de bicicleta durante um repentino apagão mundial e, ao acordar, descobre que é o único que ainda lembra quem foram os Beatles. Enxergando nisso uma oportunidade, ele acaba se apropriando do repertório da banda inglesa e passa a fazer sucesso cantando canções como "Here comes the sun", "Help" e "All you need is love". A premissa até que é interessante, mas a debilidade na sua execução faz com que o filme não decole.

A princípio, a ideia central do roteiro parece ser contemplar a beatlemania, o que por si só já atrai as atenções de uma legião de fãs espalhada pelo mundo. No entanto, a certa altura, o quarteto de Liverpool passa a ser deixado de lado. Ao optar por atender aos clichês argumentativos que normalmente povoam uma comédia romântica, a trama ofusca o que seria o principal atrativo do filme: a música.

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É pouco original - e até mesmo ultrapassado - o dilema romântico que envolve o protagonista, dividido entre a fama e a paixão por uma amiga de infância, como se as duas coisas fossem inconciliáveis. Pior ainda é o papel nada crível entregue a Kate McKinnon: uma empresária absolutamente caricata, encarnando quase todos os estereótipos da indústria musical.



Apesar das derrapadas, o que salva "Yesterday" de ser um desperdício completo de tempo é a sua leveza. É uma produção para assistir acompanhando cada clássico apresentado na tela, cantando junto com Malik. O humor britânico, unindo sarcasmo e sutileza, garante algumas boas risadas ao longo do filme.

O momento mais comovente do longa ocorre em uma das últimas cenas, quando o protagonista contracena com um curioso personagem que só existira nesta realidade imaginada pelo filme. A ideia de que um artista poderia atingir o estrelato interpretando composições feitas há mais de cinco décadas é um símbolo da atemporalidade da obra dos Beatles.

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