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Da poesia à vanguarda

Arquivo Público Estadual abriga evento sobre o Ciclo do Cinema Super-8 em Pernambuco, com tributo a Geneton Moraes Neto

Por meio de nota, o vereador Hélio da Guabiraba (PRTB) informou que se manterá na bancada do governo como vice-líder da situação até o final deste anoPor meio de nota, o vereador Hélio da Guabiraba (PRTB) informou que se manterá na bancada do governo como vice-líder da situação até o final deste ano - Foto: Divulgação / Câmara Municipal do Recife

 

O cinema pernambucano experimentou um processo importante de revolução nos anos 1970: o movimento Super-8, que recebeu esse nome por causa da bitola 8mm, formato para realização dos filmes. Foi uma época de obras inovadoras e desafiadoras, feitas por cineastas como Fernando Spencer, Celso Marconi, Jomard Muniz de Britto, entre outros, cineastas que aprofundaram o pensamento e os modos de produzir cinema.

O evento “Ciclo de Cinema Super-8 em Pernambuco: Homenagem a Geneton Moraes Neto” ocorre nos dias 6 e 7 de dezembro, às 19h, no Arquivo Público Estadual, com palestras, exposição e exibições de filmes. A organização é de Evaldo Costa, diretor do Arquivo Público.

“A gente tem sempre um sentimento um pouco dividido”, indica Paulo Cunha, professor de cinema da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), integrante do movimento. “Às vezes fica parecendo que estamos fazendo uma conversa de reunião de ex-combatentes, algo saudosista que no fundo queremos evitar.

Em geral preferimos olhar para frente. É inegável que entre 1973 e 1981 aconteceu um fenômeno cultural audiovisual interessante. Foi um movimento, um surto criativo de pessoas muito novas buscando formas de expressão. Foi uma época dinâmica, no auge da ditadura, em 1973, e depois, aos poucos, no início do processo de abertura”, explica.

No primeiro dia serão exibidos três curtas-metragens de Geneton (1956-2016) e outro co-assinado com Paulo, seguidos do debate “Super-8 no Recife: a política dos afetos”, com Paulo Cunha, Félix Batista Filho e Jomard Muniz de Britto. Estará presente a viúva de Geneton, Elizabeth Passi, que receberá placa em homenagem ao cineasta, falecido em agosto. “Elizabeth é muito querida, foi atriz de um filme muito bonito de Geneton, ‘A esperança é animal nômade’, filmado em Paris, onde eles se conheceram”, diz Paulo.

Entre as marcas que identificam o movimento estão o modelo de produção, filmes curtos e de baixo orçamento que pareciam feitos na urgência de explosões criativas.

“Eram filmes amadores, feitos com dinheiro de cada um. Não havia financiamento público ou privado. O que por um lado criava dificuldade, orçamentos baixíssimos, por outro gerava uma liberdade intensa”, diz Paulo.

“A impressão que tenho hoje é que todos foram feitos a partir de um princípio de intensa liberdade criativa. Ninguém devia nada a ninguém”, ressalta. “Há pessoas que acham que a ideia de amadorismo é pejorativa, indica falta de qualidade, mas tem um lado de fazer porque quer e gosta, de autonomia ideológica, criativa e estética”, destaca.

Estilo
Os filmes do movimento variavam entre propostas conceituais, ficções e documentários. “Do ponto de vista das proposições, havia dois grupos bem delineados. Um grupo que fazia um cinema mais experimental, que não queria ser parecido com o cinema hegemônico, mais puxado para a poesia. E outro que era mais voltado para documentários e ficções em modelos mais tradicionais, mais comportado e interessado em mimetizar o cinema tradicional“, ressalta.

Legado
Geneton deixou um legado importante no cinema e no jornalismo. “Eu acho que Geneton foi o cineasta mais importante desse momento”, opina Paulo. “Claro, tivemos cineastas como Jomard, Amin Stepple, que foram muito especiais, mas Geneton está um pouco acima. Ele definiu um modo de utilizar o Super-8 muito particular, entre poesia e cinema de vanguarda experimental, e uma expressão de oposição ao conservadorismo e à brutalidade do autoritarismo”, ressalta.

 

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