Delicadezas em um país em transição
Em cartaz no Cinema do Museu, o filme se passa em uma Polônia que se abre para mudanças
Tendo um conjunto habitacional como ponto comum entre as personagens, o filme traz um recorte da vida, como uma espécie de conto individual, de cada uma delas. Agata (Julia Kijowska) vive um casamento infeliz com Jacek (Lukasz Simla) e ainda alimenta uma obsessão por um padre; Iza (Magdalena Cielecka) é diretora de uma escola e mantém um relacionamento com um homem casado, Karol (Andrzej Chyra), que deixa de desejá-la após a morte da esposa; Renata (Dorota Kolak), uma professora que é obrigada a ser aposentada e que se encanta pela vizinha, Marzena (Marta Nieradkiewicz), irmã de Iza e uma professora de dança, que deseja ser miss e que vive oprimida por estar distante do marido que está na Alemanha.
As referências americanas no filme aparecem em um pôster da cantora Whitney Houston em um dos cenários, o que mostra a chegada do pop no país europeu. O estilo de música, inclusive, é tocado durante as aulas de aeróbica dadas por Marzena.
Além das relações capitalistas, é marcante a ideia de consumo que passa a fazer parte da realidade das personagens, como a chegada da calça jeans - mesmo contrabandeada -, do refrigerante Fanta nas mesas das famílias e o surgimento das videolocadoras de fundo de quintal que já passam a oferecer, inclusive, filmes do gênero adulto.
Há quem se sinta atraído pelo contexto do filme e os que sintam desconforto com as situações representadas até as últimas cenas, onde está a mais repugnante delas. No entanto, até o fim da história, o espectador é aprisionado aos desejos das personagens e passa a dividir com elas expectativas de um futuro incerto, mas que para o bem ou para o mal, irá chegar.