Derlon inaugura exposição 'A beleza do tempo' na Galeria Amparo 60
Artista Derlon Almeida faz releituras das clássicas fotopinturas comuns no interior do Nordeste
Afeto, memória, identidade. A nova exposição do artista Derlon Almeida é o resultado de uma pesquisa de mais de oito anos e das referências que construiu desde a infância. "Minha raiz é quem diz quem eu sou", resume Derlon, que inaugura nesta quinta-feira (30) a mostra "A beleza do tempo", em que faz releituras das clássicas fotopinturas comuns no interior do Nordeste. A exposição integra as comemorações dos 20 anos de existência da Galeria Amparo 60.
"Sempre senti um grande impacto diante dessas fotografias. Não tem especificamente a ver comigo, ou com minha família, mas é algo que tem essa coisa da lembrança, do afeto, e também um quê gráfico muito forte", explica Derlon.
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As releituras se concretizaram em peças menores e em outras grandes, quase murais em MDF, nas quais o artista aplicou intervenções variadas como espelhos, botões, medalhões dourados, flores, corações e diversos outros elementos, mesclando as pintura às fotopinturas originais - uma delas, emprestada da avó da namorada, Ana, e trazida diretamento do Piauí. Também vai haver um "elemento surpresa" que ele não quis detalhar - uma peça interativa, em três dimensões e com som, que o público poderá tocar e explorar.
Derlon grafitou um mural que deve impactar quem comparecer à mostra - Crédito: Jose Britto/Folha de Pernambuco
Na entrada da exposição, no corredor da sobreloja do edifício Califórnia, onde funciona a Amparo 60, Derlon grafitou um mural que deve impactar quem comparecer à mostra. Além das figuras que remetem às fotopinturas, há referências aos santos, comuns na decoração das casas nordestinas. Esta é uma oportunidade de rever a forma original dos trabalhos do artista, que se destacou no início dos anos 2000 pelos grafites realizados no centro do Recife, mesclando o muralismo à estética das xilogravuras.
"Atualmente existem poucas obras minhas aqui na cidade, a maioria em ambientes institucionais, como o Cais do Sertão, no Bairro do Recife. A verdade é que o grafite é efêmero, não é feito para durar. Isso, no início da carreira, me incomodava muito. Depois, aprendi a desapegar. A gente tem a vida inteira para criar", conta.
O artista, natural do Recife, atualmente mora em São Paulo mas tornou-se cidadão do mundo. Em junho, segue para Nantes, na França, onde vai passar um mês participando de uma residência artística e vivenciando o circuito local.
"Vou experimentar novas possibilidades, sem perder minha essência. Posso ficar 50 anos fora, mas o que me marca está aqui. Tenho essa simplicidade de buscar minhas influências dentro da minha origem. E apesar disso, meu trabalho é universal, todo mundo se identifica com ele. Todo mundo vê a alma. Tem artista que não gosta de ser entendido, já eu faço questão de me comunicar, que o público se identifique com o que faço. Não crio barreiras entre a arte e o ser humano", finaliza.
Serviço:
Exposição "A beleza do tempo", de Derlon Almeida
Onde: Galeria Amparo 60 (rua Artur Muniz, 82, Edf. Califórnia, Salas 13 e 14, Boa Viagem)
Abertura nesta quinta-feira (30), a partir das 19h, para convidados
Visitação de 01 a 28 de junho de 2019, de segunda a sexta, das 10h às 19h. Sábados mediante agendamento prévio
Informações: (81) 3033-6060