Diretor do filme 'Bingo' foi indicado ao Oscar
Seleção ocorreu por conta de seu trabalho como montador da produção "Cidade de Deus"
O filme "Bingo - O Rei das Manhãs", que chega nesta quinta-feira (24) aos cinemas e marca a estreia de Daniel Rezende como diretor - ele foi indicado ao Oscar por seu trabalho de edição no filme "Cidade de Deus" (2002).
O roteiro da produção foi baseada em um perfil de Arlindo Barreto publicado pela revista "Piauí" em 2007. Hoje com 64 anos, o ator nasceu em Ilhéus, na Bahia, e é filho da atriz Marcia de Windsor, que trilhou carreira em telenovelas brasileiras nos anos 1960 e 1970.
Querendo seguir os passos da mãe, aos 26 anos, Barreto teve aulas de teatro, balé clássico, jazz, sapateado e canto. Fez seus primeiros trabalhos na TV como figurante em novelas da Globo e ganhou um personagem em "Imigrantes", da Band. O ator também ficou conhecido por ter trabalhado em 25 filmes de pornochanchada.
O diretor Daniel Rezende conversou com a Folha de Pernambuco sobre o processo de concepção e realização do projeto.
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Entrevista::: Daniel Rezende - diretor
"O filme diverte, mas é um drama"
O que significou para você retomar esse personagem icônico na história da TV nacional?
Fui criança nos anos 1980, então a história me cativou. Tinha fixação por TV e cinema. Sempre tive curiosidade de saber o que tinha por trás das câmeras, o que a TV não mostrava. Foi prazeroso poder fazer essa viagem no tempo e colocar elementos da cultura pop - as fitas cassetes, os tênis kichute, o pirocóptero -, poder investigar o que vivia na época, entender e passar para as pessoas o que acontecia nos bastidores da TV.
O filme tem temas e representações adultas. Como foi a linha de pensamento que o levou a decidir incluir sexo e drogas?
Desde o início o filme não foi pensado para ser para crianças. O filme é sobre um apresentador infantil, tem entretenimento e diverte, mas é um drama, e como drama tinha que abordar os conflitos do personagem. Ele é megalomaníaco, irreverente, subversivo, viveu na época do politicamente incorreto, viveu os dramas dessa maldição de não poder revelar sua identidade e ser reconhecido por seu trabalho. Tem a fase "dark" da vida dele e eu quis retratar esse universo das drogas, da depressão e do hedonismo sem que isso fosse o tema principal do filme. Apesar do sexo e das drogas serem explícitos, não tem nudez desnecessária, porque a pegada era fazer um filme humano.
Como foi o trabalho com o elenco?
Foi uma dádiva, um presente. Vladimir Brichta entrou no fim. O filme não era para ser com ele. Era para ser com o Wagner Moura, mas ele não pôde fazer. O próprio Wagner indicou Vladimir, que se entregou ao filme de uma maneira visceral que nunca vi em ator nenhum. Ele é incrível. A Leandra Leal é uma monstra. Augusto Madeira (no papel de Vasconcelos), é um dos maiores atores brasileiros de hoje. Poder trabalhar com Emanuelle Araújo (que faz a Gretchen), Tainá Müller e Cauã Martins, que interpreta o filho de Bingo, foi incrível. Sempre quis trabalhar com Ana Lucia Torre. Foi um presente esse elenco. Todo mundo que leu o roteiro ficou apaixonado e se entregou com uma vontade que poucas vezes a gente vê.
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