Entre a pesquisa e o olhar histórico sobre o Baile
Lançado pela Cepe, livro “A Aventura do Baile Perfumado: 20 Anos Depois” traz depoimentos da equipe, trechos de jornais e até o roteiro do filme na íntegra
Além do lançamento do longa-metragem em nova versão, no Festival de Brasília, estão previstos uma cópia em DVD e contratos de exibição on-line - ainda não finalizados. Há outro projeto que ajuda a fundamentar a importância do filme na história do cinema brasileiro: o lançamento do livro “A Aventura do Baile Perfumado: 20 Anos Depois”.
A obra, escrita pelos professores do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Amanda Mansur e Paulo Cunha, editada pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), reúne depoimentos não apenas dos cineastas, mas também de atores e integrantes da equipe técnica, além de trechos de jornais da época do lançamento e o roteiro do filme na íntegra, com as anotações dos cineastas.
Assim, o livro, que chega as livrarias a partir desta segunda-feira, preenche uma importante lacuna na trajetória do nosso cinema: equilíbrio entre pesquisa cultural, testemunho sobre um determinado período de nossa história e ideias de quem movimentou as engrenagens naquele período.
O ‘Baile Perfumado’ fez com que olhássemos para frente, sem esquecer o passado”, ressaltam Amanda Mansur e Paulo Cunha, destacando os dos principais movimentos associados ao cinema pernambucano.
Antes de falar sobre o filme, os autores apresentam um rigoroso trabalho de investigação sobre o cenário daquele período no ambiente cultural pernambucano, destacando a ligação com o movimento Manguebeat, o conceito de “Árido movie”, criado pelo jornalista e cineasta Amin Stepple, e a inquietação da geração de cineastas que fundou o grupo Vanretrô, “uma Vanguarda Retrógrada, com a disposição de ‘fazer cinema’”.
O grupo tinha, entre outros, além de Paulo e Lírio, os cineastas Cláudio Assis e Adelina Pontual. Depois, em 1987, o também cineasta Marcelo Gomes criou o cineclube Jurando Vingar, que durante quatro anos promoveu sessões de filmes clássicos em 35 mm, na sala que se tornaria o Cinema da Fundação.
Consideramos que a reflexão sobre filmes e realizadores fortalece a cena cinematográfica - é preciso pensar no que fazemos para fazermos cada vez melhor.
Esses filmes realizados em Pernambuco têm feito a diferença no contexto do cinema brasileiro - é um fato comprovado pela repercussão na crítica e nos festivais mais importantes do mundo. Esse conjunto se inicia com o ‘Baile Perfumado’. E se hoje temos uma enorme diversidade estética e muitos coletivos de produção é a partir de um ponto fora da curva, que foi o ‘Baile Perfumado’”, ressaltam.