Experimentações no audiovisual: novas plataformas em comunhão com o tradicional
Mudanças em experiências no audiovisual denotam a realidade de novas plataformas para realidades da televisão e do cinema
Em outubro Recife recebe o ‘Ponto de Virada’, curso gratuito ministrado pelo doutor em Comunicação Márcio Andrade e que versará sobre produção de vídeos para Redes Sociais. Uma espécie de laboratório colaborativo que pretende, entre outras coisas, despertar sobre mudanças no audiovisual, especificamente sob o contexto televisivo que passa por transformações (adaptações) a partir de experimentações no ambiente virtual.
Uma realidade que também tem demarcado território no cinema, contrariando aos amantes dos (tradicionais) espaços escuros, envoltos em cadeiras preenchidas por pessoas que não se conhecem, mas se reúnem para experienciar o coletivo.
"Hoje há quem assista filme no celular. Isso fala muito sobre um projeto de sociedade e do que (não) está sendo construído em comum", ressalta Marcelo Pedroso, roteirista e diretor de cinema pernambucano, que traz um ponto que talvez seja apenas o limiar de uma discussão que envolve público, produção e mercado e que não necessariamente são partes que comungam dos mesmos pensamentos. 'O prego, portanto, não está batido e tampouco com a ponta virada'.
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Levando em conta a cultura do espectador pelo novo - isso inclui, principalmente, as gerações atuais - plataformas digitais são tão bem-vindas quanto lançamentos de filmes ou estreias de novas temporadas de séries no atraente universo do streaming. "Vou esperar entrar no Telecine Play" ou "chegou na Netflix?", é o que mais de comum se ouve por aí, rotineiramente.
"Estamos passando por um processo de transição e cada vez mais outros espaços têm ficado mais fortes, no sentido de atrair novas produções. O que antes era vivenciado em uma sala de cinema, está migrando para TV ou computador e isso traz uma série de consequências no plano da sensibilidade", complementa Pedroso que, notadamente, coloca o cinema no viés de resistência desse fluxo.
"Com a chegada da TV, do videocassete, do DVD, havia uma espécie de competição com o ambiente doméstico, e o cinema se reinventou e trouxe o 3D, tela em larga escala, som e outras respostas a essa disputa. Porque sempre se encontram meios de preservá-lo enquanto espaço, que continua atraindo".
Mas o embate entre formatos engloba outros pontos nevrálgicos, um deles, o interesse mercadológico. No plano da criação, ao que parece, ainda há paz. Mas sob o cunho comercial ponderações devem ser feitas quando se fala em plataformas alternativas de produções audiovisuais como, por exemplo, "(...) observar a regulamentação desses setores", como bem sugere Marcelo Pedroso. Ao mesmo tempo em que, o caminhar com as próprias pernas e o vislumbre das possibilidades de movimentos dessas plataformas por meio das chamadas narrativas transmidiáticas, fomentam a arte. E sem assombros ou ameaças a outros suportes.
"Na verdade os formatos se complementam com o fortalecimento dessas narrativa. Somam-se ao invés de se anularem. É um cenário de muito mais potência criativa do que exclusões", defende Márcio Andrade - que também ministrará o curso nas cidades de Vitória de Santo Antão (de hoje até sexta-feira) e em Caruaru (setembro). No Recife as aulas estão previstas para outubro.