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Festival exibe inovação para ver e ouvir filmes

Festival VerOuvindo começa nesta sexta (21) e segue até 30 de abril com exibições gratuitas nos cinemas do Museu e São Luiz

Festival VerOuvindo oferece óculos especiais com audiodescrição e LibrasFestival VerOuvindo oferece óculos especiais com audiodescrição e Libras - Foto: Alzio Dias/Divulgação

Pensado para proporcionar novas formas de inclusão social nas salas de cinema, o festival VerOuvindo, que começa nesta sexta-feira (21) e segue até o dia 30, traz óculos que exibem audiodescrição e Libras. Em sua 4ª edição, o evento colocou a tecnologia a seu favor inovando na maneira de ver/ouvir filmes no cinema.

Acessibilidade não inclui apenas cadeirantes - leia-se rampas e espaço para cadeiras de roda entre as poltronas da sala de cinema. Só isso não é suficiente para promover a inclusão de um maior público no universo da sétima arte. Afinal, existem também os deficientes visuais e auditivos, que curtem um filminho diante da telona, como todo mundo.

É fato que existem festivais no Brasil voltados para esse público, com tradução simultânea em Libras, LSE (legenda para surdos e ensurdecidos), e audiodescrição. Mas convenhamos que a inserção de uma pessoa ou de uma audiodescrição interfere na obra cinematográfica, e ainda causa luminosidade no “escurinho do cinema”.

Isso devido à determinação da Ancine (Agência Nacional do Cinema, do Ministério da Cultura) de promover a acessibilidade a partir de tablets e celulares. “No Rio de Janeiro já estão querendo colocar suportes fixos nas poltronas de todos os cinemas para tablets e celulares”, lamenta a produtora e audiodescritora Liliana Tavares, idealizadora do VerOuvindo.

Ela é a idealizadora do Festival VerOuvindo, que começa esta sexta-feira (21) e segue até 30 de abril. Em sua 4ª edição, resolveu inovar justamente na maneira de ver/ouvir filmes no cinema, trazendo óculos que exibem audiodescrição e Libras.

“É um acessório que possibilita às pessoas com deficiência visualizar a janela de Libras e ouvir a audiodescrição através de fones, individualmente, sem alterar a luminosidade do local”, informa a coordenadora do festival, Liliana Tavares.

Essa luminosidade à qual Liliana se refere são os tablets e celulares, que atualmente têm sido a única alternativa disponíveis aos deficientes para acessar Libras ou legenda.

“Os óculos também possibilitam que qualquer pessoa frequente a mesma sala sem interferir no filme”, complementa a realizadora, que conta com apoio do Funcultura.

Sem falar que a Libras não aparece na mesma tela do filme, obrigando o espectador a olhar para duas telas. Os óculos serão disponibilizados durante a exibição do longa-metragem “Shaolin do Sertão”, de Halder Gomes, no dia 30, um domingo.

Com programações gratuitas nos cinemas do Museu e São Luiz, além do Paço do Frevo, o evento possui grande foco no experimentalismo, estudo e pesquisa para inserir cada vez mais acessibilidades.

“A maioria dos festivais faz tradução em Libras e LSE ao vivo, o que atrasa e causa erros”, diz Liliana, que também mostrará filme com paisagem sonora.

Haverá exibição de curtas e longas-metragens pernambucanos e nacionais, Mostra Competitiva, Master Classes, mesas redondas, oficinas, e ainda bate-papo após algumas sessões.

No dia 26, o documentário “Todos” de Luiz Alberto Cassol e Marilaine Castro, premiado com menção honrosa no Festin - Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, em Lisboa, e inédito no Brasil, será exibido na sessão de abertura, às 18h30 no Cinema do Museu.

No mesmo dia, a audiodescritora francesa Mary Gaumy falará sobre “Caminhos para produção da audiodescrição”. Já Lívia Motta (SP), homenageada do evento, debaterá a “Formação de plateia, atividades de mediação e estratégias de divulgação do produto audiovisual acessível”.

Completando dez anos desde sua primeira exibição, o filme “Amigos de Risco”, do pernambucano Daniel Bandeira, foi o escolhido pelo curador de festival, o jornalista André Dib, para a Sessão Memória, no dia 29, sábado, às 19h, no São Luiz.

Valorizando a audiodescrição - recurso que procura descrever o ambiente, os personagens, o figurino e os demais elementos imagéticos e sonoros contidos em uma cena -, o festival terá pela primeira vez uma Mostra Competitiva nessa categoria com prêmio em dinheiro.

“São poucos os audiodescritores no Recife”, avisa Liliana. Segundo ela, o evento atrai pessoas de outros municípios, como Garanhuns e Caruaru. “São pessoas que nunca foram ao cinema, que se sentem estrangeiros em seu próprio País porque não imaginavam assistir a um filme com a língua deles” declara a produtora.

Programação completa:

Paço do Frevo (21, 22 e 23/04)

14h às 17h
Oficina Orientações para expressão vocal na audiodescrição, com Leila Freitas (PE)

Fundaj (24, 25/04)
14h às 17h
Oficina Iniciação à leitura cinematográfica, com André Dib (PE)

Paço do Frevo (25 e 26/04)

14h às 17h e 9h às 12h
Oficina Produção de roteiro de audiodescrição para filmes com Larissa Costa (RJ)

Cinema do Museu (26/04)

18h30
Mesa de abertura

Formação de plateia, atividades de mediação e estratégias de divulgação do produto audiovisual acessível com Lívia Motta (SP); Caminhos para a produção da audiodescrição com Marie Gaumy (FRA); Mediação: Liliana Tavares (PE).

20h
Sessão de abertura

Todos (RS, 2017, cor, doc, 81min, Livre) de Luiz Alberto Cassol e Marilaine Castro da Costa
Sinopse: Um historiador viaja por várias cidades do Brasil e exterior em busca de resposta a uma pergunta: o que é acessibilidade? Acompanhando a trajetória de Felipe, que tem deficiência visual, vamos conhecer caminhos acessíveis e caminhos com muitas barreiras. Vamos conhecer o que pessoas com e sem deficiência pensam sobre temas como diversidade humana, educação inclusiva, cultura e tecnologias. Todos é um filme sobre pessoas e suas diferenças.

Estreia no Brasil, com presença dos diretores, da equipe do filme e da acessibilidade.

Cinema do Museu (27/04)

17h30
Mostra competitiva iniciante

Elekô (7min, 2015, RJ/PE, 14 anos) direção coletiva
Audiodescrição: Amanda Letícia, Hannah Cunha, Giuliana Miguel
Locução: Hannah Cunha
Consultoria: Michelle Alheiros

O Outro par (6min, 2014, EGI/RJ, livre) de Sara Rozik
Audiodescrição: Amanda Letícia, Hannah Cunha, Giuliana Miguel
Locução: Hannah Cunha
Consultoria: Michelle Alheiros

Autofagia (12min, 2016, PE, 16 anos) de Felipe Soares
Audiodescrição: Felipe Soares, Mozart Albuquerque e Priscilla Botelho
Locução: Victor Moury

18h30
Mostra competitiva geral

Ilha (15min, PB/RJ, 12 anos) de Ismael Moura
Audiodescrição: Mônica Magnani
Locução: Mônica Magnani
Consultoria: Marilena Assis, André Campelo e Luis D. Medeiros

A piscina de Caíque (15min, 2017, GO, livre) de Raphael Gustavo da Silva
Audiodescrição: Alfredo Farah
Locução: Cleber Franceschi
Consultoria: Edgar Jacques

Òrun Àiyé – A criação do mundo (12min, 2015, BA, livre) de Jamile Coelho e Cintia Maria
Audiodescrição: Bárbara Carneiro
Locução: Odilon Camargo
Consultoria: Sandra Farias

Lá do alto (9min, 2015, RJ, livre) de Luciano Vidigal
Audiodescrição: Mônica Magnani
Locução: Mônica Magnani
Consultoria: Marilena Assis, André Campelo e Luis D. Medeiros

Sexta série (18min, 2012, PE, livre) de Cecília da Fonte
Audiodescrição: Rodrigo Sanches
Locução: Rodrigo Sanches
Consultoria: Ana Rosa Bordin Rabello

Cinema do Museu (28/04)

18h
Sessão Curtas Pernambucanos

FotogrÁfrica (2016, DCP, cor, doc, 25min, 12 anos), de Tila Chitunda
Sinopse: Dona Amélia é uma angolana refugiada de guerra que recomeçou a vida em Olinda. A partir do seu mural de fotografias, sua filha mais nova, nascida no Brasil, vai em busca de suas raízes.

Um brinde (2016, DCP, cor, fic, 16min, 12 anos), João Vigo
Sinopse: Elias sempre se evitou ir a enterros e velórios. Até o dia em que Cacau exigiu a presença do amigo em seu próprio enterro.

Catimbau (2015, DCP, cor, doc, 23min, 12 anos), Lucas Caminha
Sinopse: Catimbau é um curta-metragem experimental, desenhado como uma experiência sensorial em um parque de preservação ambiental no nordeste do Brasil chamado Vale do Catimbau, no estado de Pernambuco. Cosmo Grão compôs uma trilha sonora original inspirada no parque nacional que foi posteriormente reproduzida em localização por Lucas Caminha e sua equipe filme. Este é um filme sobre como um lugar tanto pode inspirar quanto ser inspirado pela música.

Debate após a sessão com diretores e profissionais da acessibilidade.

Cinema São Luiz (29/04)

17h30
Master class – Uso da Linguagem cinematográfica no roteiro de audiodescrição com Marie Gaumy (FRA)

18h30
Sessão Memória
Amigos de Risco (PE, 2007, DCP, cor, fic, 88min, 16 anos), de Daniel Bandeira
Sinopse: Após uma temporada longe do Recife, Joca está de volta. No reencontro com os melhores amigos, Nelsão e Benito, o grupo se joga em uma jornada pela vida noturna da cidade. Buscando aventuras e passando por situações adversas, os amigos se veem correndo contra o tempo para salvar Joca, que inesperadamente passa mal. Sessão comemorativa de 10 anos, com filme restaurado em 2K.

Com presença do diretor, da equipe do filme e da acessibilidade.

20h30
Sessão GloboNews
Trans (RJ, 2016, cor, doc, 53min, 18 anos), de Fernanda Dedavid e Renata Baldi
Sinopse: João é escritor. Nasceu Joana em 1950. Giowana, advogada, se assumiu mulher há 6 anos. Wallace deixou de se definir como homem ou como mulher em 2010. Atua no Teatro Oficina. O estudante Luan, 16 anos, era menina até os 14. Trans conta como se sente e como é a vida de quem nasce num corpo com o qual não se identifica. A trajetória, a ambiguidade, a dúvida, o medo, a coragem de ser transgênero no Brasil.

Com presença da diretora, da equipe do filme e da acessibilidade.

Cinema São Luiz (30/04)

17h
Sessão de encerramento
O Shaolin do Sertão (CE, 2016, DCP, cor, fic, 100min, 12 anos), de Halder Gomes
Sinopse: Aluízio Li, um aficionado e alienado por filmes de artes marciais no interior do Ceará nos anos 80, vê seu mundo lúdico e inocente em xeque quando um lutador profissional aposentado (Toni Tora Pleura) resolve desafiar todos os “valentões” da cidade. Downtown Filmes.

Com presença do diretor e com a experimentação do óculos para visualização da Libras na tela através do aplicativo MovieReading.

19h
Cerimônia de premiação

JÚRI TÉCNICO
1º Lugar Melhor Audiodescrição – R$ 1.500,00
2º Lugar Melhor Audiodescrição – R$ 1.000,00
3º Lugar Melhor Audiodescrição – R$ 700,00
Melhor Locução – R$ 800,00
Melhor Audiodescrição Iniciante – R$ 500,00

JÚRI POPULAR
Melhor Audiodescrição pelo Júri Popular – R$ 500,00
Menção Honrosa da plateia

OUTROS PRÊMIOS
Prêmio FEPEC – Melhor filme para reflexão
Prêmio Mundo Cegal

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