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Filme francês "Fatima" mostra abismo entre mães e filhas no Cinema do Museu

Vencedor de três prêmios César, longa-metragem fala sobre o drama e o abismo entre uma mãe e suas filhas

Fatima (Soria Zeroual), argelina que se mudou para a França, vê sua vida mudar após acidente no trabalhoFatima (Soria Zeroual), argelina que se mudou para a França, vê sua vida mudar após acidente no trabalho - Foto: Imovision/Divulgação

 

É um pequeno e delicado drama o filme francês "Fatima". Dirigido por Philippe Faucon, o longa-metragem, que está em cartaz no Cinema do Museu (terça-feira (16), às 18h10; quarta-feira (17), às 14h) trata com amarga doçura as diferenças entre as gerações, os abismos que existem entre mãe e filhas, a maneira como certos sonhos perseguem as pessoas e podem se tornar pesadelos. O filme foi exibido no Festival de Cannes de 2015, na mostra Quinzena dos Realizadores, e venceu o prêmio César nas categorias melhor filme, roteiro adaptado e atriz revelação.

O longa-metragem conta a história de Fatima (Soria Zeroual), uma argelina que se muda para a França e lá tem duas filhas, que crescem com outros hábitos e perspectivas, sem o contato com a cultura africana que formou a mãe. Fatima não fala exatamente bem a língua francesa e essa deficiência frustra sua menina mais nova, Souad (Kenza Noah Aïche), de 15 anos, que vive sua fase rebelde. Nesrine tem 18 anos e começa seus estudos de medicina, enfrentando a imensa dificuldade do curso e as angústias pelo futuro.

Fatima trabalha como empregada doméstica e também na limpeza de um outro estabelecimento. Sua rotina é dura mas todo suor e lágrimas são como emblemas de coragem de sua busca por uma existência melhor para suas filhas. Seu esforço é reconhecido pela filha mais velha, mas Souad vê a ocupação da mãe com desgosto e vergonha, o que repercute com o declínio em seu histórico escolar. A reprovação da filha e a barreira da língua transformam Fatima em uma mulher silenciosa e fria, embora transborde de sentimentos.

Tudo muda na vida das garotas da família quando Fatima leva uma dura queda em seu trabalho. Cinco meses depois ela ainda sente dores nos braços e pernas, embora as radiografias não mostrem nada que explique as dores e o desconforto. Uma médica dedica atenção especial aos sentimentos de Fatima e descobre em seu temperamento indícios de problemas emocionais que podem potencialmente repercutir em seu corpo.

O filme constrói esses pequenos panoramas com paciência e sensibilidade. São personagens que se aproximam em suas contradições, se tornam cativantes pela forma sensível como lidam com as desilusões. A saída encontrada por Fatima para seus dilemas é um momento singelo, uma carta em que expõe tudo o que a barreira da linguagem lhe proibia. É quando o filme assume um ponto de vista em que a família, pessoas que se amam e cuidam, ocupa um lugar central.

Cotação: bom

 

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