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Filme 'Jogador nº1' mistura cultura nerd e nostalgia

Cineasta norte-americano Steven Spielberg lança novo filme, 'Jogador nº 1', testemunho empolgante sobre a cultura nerd, videogames e os anos 1980, baseado em livro de mesmo nome

Cena do filme "Jogador nº1", de Steven SpielbergCena do filme "Jogador nº1", de Steven Spielberg - Foto: Divulgação

É interessante notar como a filmografia de Steven Spielberg se abre para diferentes gêneros e possibilidades de cinema. Depois de "The Post: a guerra secreta", lançado ano passado nos EUA e em janeiro no Brasil, um drama baseado em fatos reais sobre história, política e jornalismo, o diretor mergulha em uma noção prazerosa e acelerada de entretenimento. 

Estreia hoje "Jogador nº 1", um filme de ação com coração nerd, uma carta de amor aos videogames, à formação cultural nos anos 1980, aos vestígios de uma cultura analógica em um mundo cada vez mais conectado com o digital. 

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O longa é baseado em um livro popular, escrito por Ernest Cline, lançado em 2011 (disponível no Brasil). A história se passa em 2044 e segue o personagem Wade (Tye Sheridan). 

Enquanto tenta se manter em uma rotina sem futuro, vivendo em uma comunidade pobre, formada por um agrupamento caótico de pequenos ambientes, Wade recorre cada vez mais a Oasis, um jogo de realidade virtual em que cada um pode ser quem quiser. Nesse futuro, a popularidade do jogo é sem limites: todos estão nele e experimentam a vida através da realidade criada pelo game. 

O ponto central do enredo é uma busca. O criador do jogo é Halliday (Mark Rylance), que antes de morrer escondeu um easter egg (termo que na linguagem dos games e da cultura nerd se refere a um segredo escondido dentro de um jogo): sua fortuna e os direitos sobre Oasis. 

Além de jogadores, também participam da procura grandes corporações, que se tivessem o domínio absoluto da ferramenta poderiam não apenas lucrar como também controlar a maior plataforma de usuários do planeta. Um desses empresários é Sorrento (Ben Mendelsohn), vilão na forma de burocrata. 

O filme traz um pouco do conteúdo político do livro: as crises sociais ampliaram as desigualdades econômicas. Oasis deixou de ser apenas um jogo, uma distração, um divertimento para esquecer a dureza da existência, para se tornar o centro das atividades: um modo de ganhar dinheiro, um jeito de não apenas tolerar as angústias do mundo real como também garantir a existência. 

Os jogadores que encontram itens raros ou vencem lutas ganham dinheiro e recursos, indicando que Oasis é uma ferramenta de divertimento, controle e subsistência. 

Mas esse conteúdo é aos poucos superado pelo interesse no show, no espetáculo. A partir das possibilidades quase infinitas do Oasis, Spielberg dá vazão a delírios de entretenimento, recorrendo a elementos marcantes da cultura nerd, da cinefilia e da história dos videogames. 

As crises de um mundo que evoluiu a partir de injustiças é apenas um caminho para a história se transformar em um prazer acelerado, uma versão anabolizada e explosiva das redes sociais de hoje. Cada um se transforma no avatar que deseja - homem, mulher, monstro, personagem da cultura pop - e investe pesadamente em aprimorar esse entusiasmo virtual em algo que se conecte com o real. 

Estilo e autoria

A direção de Spielberg aponta para um filme vibrante, uma perspectiva de cinema pautada na adrenalina e na emoção, uma aventura que pisa no acelerador e para apenas na última cena. 

A longa duração (2h20) sugere certo esgotamento e redundância, um enredo que a certa altura deixa de ser surpreendente e se torna apenas uma coletânea de certas características do gênero ação, mas isso não enfraquece "Jogador nº 1": é um testemunho empolgante sobre a cultura gamer, a nostalgia e as referências abundantes ao cinema e a cultura pop dos anos 1980. 

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