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Filme “Sob Pressão” encadeia situações limite

Ideia é retratar o impacto das escolhas no ambiente de um hospital

Jarbas Vasconcelos (MDB)Jarbas Vasconcelos (MDB) - Foto: Alan Marques

 

Tudo em “Sob pressão” é frenético. O filme, dirigido por Andrucha Waddington, começa com o dia amanhecendo no Rio de Janeiro, em um hospital popular próximo à zona de conflito entre policiais e traficantes. O médico Evandro (Júlio Andrade) é o chefe de um setor chamado Unidade Vermelha, com profissionais treinados para salvar pacientes à beira da morte enquanto cai a energia do hospital ou bandidos invadem os leitos da UTI. As ambulâncias trazem três vítimas: um policial com uma bala na cabeça, o chefe do morro com o corpo alvejado e alguns minutos depois uma criança que sofreu com uma bala perdida na perna. O sargento avisa: levaram o bandido ao hospital apenas porque a Imprensa estava perto, sugerindo que a vida dele não vale nada e todos os esforços devem ser feitos para salvar o policial.
O médico responde berrando que seu trabalho é salvar vidas e vai fazer o que é certo, num primeiro indício de que este não é um filme que trabalha com sutilezas, apresentando seus temas através de situações limite. O menino que chegou depois é filho de um dono de jornal, um empresário poderoso que levou seu garoto a esse determinado hospital porque era mais perto. Ele alerta: caso todos não parem o que estão fazendo para cuidar desse rapazinho ele vai destruir a reputação do local na Imprensa.

A partir dessa sequência, repassada de forma acelerada e ao mesmo tempo eletrizante, temos a premissa básica do filme: discutir conceitos morais a partir de casos extremos, debater de forma imediata, sem pausa para pensar, através de exemplos baseados em ideias sem complexidades além do básico (bandido x policial x vítima da classe dominante), os lados escuros da humanidade contemporânea. O filme trabalha o impacto das escolhas de cada dia e as formas como as pessoas criam estratégias de sobrevivência em momentos decisivos, além de indicar o cotidiano de um hospital popular através de imagens impactantes.

É curioso notar que o filme parece encontrar um raro e difícil equilíbrio nesses extremos. Há alta voltagem a todo instante, grandes dilemas morais à espreita em quase todas as cenas, situações que sugerem a complexidade do trabalho policial e médico através de um grande exagero de urgências, operando sempre no limite entre vida e morte, sabedoria e raiva, altruísmo e suborno, salvação e ruína. Embora em alguns momentos tudo pareça demais, afetado e eloquente em excesso, o sentimento geral é de um poderoso drama sobre as implicações de um cotidiano caótico.

 

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