Ivan Lins segue com o compromisso de 'fazer beleza' com a música
Multiartista carioca faz show neste sábado (27), no Teatro Guararapes, com a pernambucana Orquestra Bravo
"(...) é um texto muito bonito, não é uma pergunta e eu concordo plenamente com tudo que está escrito. Fica bom como abertura da entrevista".
O "texto":
"Você integra uma geração que não será jamais renovada. Uma era da música brasileira, intangível e infinda. Não tem isso de renovação/sucessão e coisas do tipo… Milton, Caetano, Gil, Ivan Lins, Bethânia, Gal, Paulinho da Viola etc etc são moldes artísticos únicos. E é isto!"
E não foi mesmo uma pergunta, foi um "jogar para o universo" (de Ivan Lins), um fato que é (deveria ser) indiscutível, sobre um "período de ouro da nossa Música Popular Brasileira", como tão acertadamente qualificou o cantor, compositor e instrumentista carioca - atração deste sábado (27) no Teatro Guararapes, quando sobe ao palco em apresentação com a pernambucana Orquestra Bravo.
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Aos quase 79 anos de vida, e pouco mais de 50 dedicados à arte de fazer música, Ivan Lins é do tempo da censura driblada "com muita motivação, e para vitrines amplas: rádio, televisão, mídia impressa, festivais", quando a música era renovada "com muita velocidade".
"Com a internet o que se tem é muita superficialidade, não se consegue entrar mais fundo dentro da música".
Desde "Madalena" (1970), feita em parceria com Ronaldo Monteiro e que foi o primeiro presente oferecido para (e pela) voz de Elis Regina (1945-1982), Ivan Lins tem cancioneiro celebrado em vozes diversas, com "Começar de Novo" (1979) também como exemplo. Consagrada na voz de Simone, a música é uma das tantas parcerias com Vítor Martins, iniciada com "Abre Alas" (1974) e perpetuada até os dias atuais.
"Tem umas três canções novas com o Vítor e que a gente vai prepará-las ainda esse para esse ano", adianta Ivan em conversa com a Folha de Pernambuco.
Musicar beleza
"Fico muito embevecido com a minha música, por ter agradado a tanta gente. Eu me esforço muito em fazer músicas bonitas, talvez seja o grande compromisso com minha obra, fazer beleza", discorre o autor de elegâncias sonoras como "Iluminado" e "Lembra de Mim", algumas das suas "noveleiras", viés que perfaz uma 'bem-vestida' linha do tempo atualizada com o tema de abertura da atual "Renascer" - cuja versão de "Lua Soberana", assinada por ele e Vítor, já integrou a trama na primeira versão ( 1993) e ganhou nova roupagem com Xênia França e Luedji Luna.
Do mundo
Tal qual Tom Jobim, Ivan Lins é, decerto, o artista brasileiro mais internacional. Embora do mundo, é por aqui que ele crava o seu fazer artístico. "Porque é meu País, né? Que eu moro, amo".
Mas faz algum tempo que o mundo para além das terras tupiniquins tornou-se também um 'habitat' para sua sonoridade, ao menos, desde o chamado do produtor musical norte-americano Quincy Jones.
"Foi no final de 1979, quando Jones entrou em contato para ir a Los Angeles e nos tornar parceiros para divulgação de minha música nos Estados Unidos e no mundo", conta ele, que dentre as façanhas de carreira, teve a sua "Madalena" gravada por Ella Fitzgerald (1917-1996), a dama do jazz.
Orquestras, um sonho de infância
Com caminho entrelaçado a conjuntos instrumentais do Brasil - e do mundo, Ivan Lins deu start às parcerias orquestrais no fim dos anos de 1980.
"E foi um bálsamo, porque a música ganha outra sonoridade e outra forma de se apresentar ao público", destaca ele que nesta sexta-feira (26) teve o álbum "Abre Alas" (Mill Records), gravado com a George Robert Jazz Orchestra (Suíça), lançado nas plataformas. Trabalho que vem depois e na mesma "pegada jazzística" de "My Heart Speaks" (Resonance Records), que ganhou os ares americanos em 2023.
"Com a Bravo vai ser um show lindo, uma experiência nova", salienta, falando do concerto no Recife, e em tom desejoso por um futuro "que só a Deus pertence" e quiçá, a ele mesmo.
O que este geminiano quase 'oitentão' ainda quer da vida, e da arte?
"Estar no palco com o Sting, um show com Gil ou Caetano, um disco de samba, com os meus sambas (...) Ainda me sinto com saúde para isso. É ir fazendo, fazendo, fazendo …"
Serviço
Ivan Lins & Orquestra Bravo
Quando: Sábado (27), 20h
Onde: Teatro Guararapes (Centro de Convenções, Olinda)
Ingressos a partir de R$ 120 no site Cecon Tickets e bilheteria do teatro
Informações: (81) 4042-8400