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Lady Gaga busca country em novo álbum

Em "Joanne", cantora usa tons pastéis e mostra seu lado "camaleoa" na música

Paulo Câmara prestigiou provedor do Real Hospital Português, Alberto Ferreira da CostaPaulo Câmara prestigiou provedor do Real Hospital Português, Alberto Ferreira da Costa - Foto: Aluisio Moreira/ SEI

 

Em meados de 2008 conhecemos uma figura inusitada que causava estranhamento a cada clipe lançado e a cada premiação em que ia vestida de carne ou com perucas e maquiagens extravagantes. No entanto, Lady Gaga, com o seu mais recente álbum lançado, “Joanne” (já disponível nas lojas e nas plataformas de streaming), veio vestida em tons pastéis para novamente mostrar seu lado camaleoa na música.

Este que é o quinto álbum de sua carreira e também é uma homenagem à tia de Gaga que dá nome ao disco e faleceu antes do nascimento da cantora. Ter colocado essa carga familiar já aponta para o grau mais intimista para o qual o álbum caminha. Esse lado sentimentalista e até saudosista em alguns momentos, faz com que encontremos em “Joanne” um folk que nos remete à década de 1970 e 1980 que não se mostra como algo antiquado por justamente se deixar envolver pela batida de um pop contemporâneo “desconstruído”.

“Perfect illusion”, primeiro single lançado, fez o público acreditar que a diva pop iria se aventurar agora pelos mares do rock, já que a música possui riffs pesados de guitarra e uma bateria bem presente. No entanto, a canção aponta para uma direção contrária da proposta do álbum e se mostra como uma das mais fracas, quando comparada a “Dancin’ in circles”, por exemplo, chegando a não fazer sentido na montagem do produto final.

Esse é um dos grandes problemas do CD: apesar das músicas isoladamente terem muita qualidade técnica, vo­cal e serem carregadas de e­moção - como na música-títu­lo e em “Come to mama”-, elas não funcionam bem em conjunto, tornando a sonoridade difícil de fluir ao longo de seus quase 50 minutos. Ainda assim, as parcerias brilham neste álbum. Estão envolvidos no projeto nomes como Josh Homme, do Que­ens of the Stone Age, Mark Ronson (que produziu Amy Winehouse e Bruno Mars) e Florence Welch, que doa sua voz para “Hey girl” para versar sobre mulheres que ajudam outras mulheres.

Enquanto a atenção da indústria fonográfica norte-americana entre 2008 e 2010 estava voltada para o sonho adolescente de Katy Perry e as desilusões amorosas de Taylor Swift, Gaga nadava contra a maré do mercado. A cantora fez com que todos voltassem seus olhos para aquela figura excêntrica que compartilhava seus medos - de amor, de sexo, da morte - para logo depois nos ensinar a nos amarmos do jeito que somos - afinal nascemos desse jeito. E em tempos em que todos clamam para que “salvem e tragam o pop de volta”, lançar um álbum country mostra mais uma vez que ela não está nem um pouco atada a amarras mercadológicas.

Diante de tantas bandeiras levantadas em sua carreira, chega a ser simplista a visão que anda se disseminando, principalmente nas redes sociais, de acreditar que em “Joanne”, a cantora, de uma hora para outra, abandonaria todo esse ativismo. É superficial acreditar que ela jogou todo o trabalho feito em “The Fame Monster” e em “Born this way” para passar a compac­tuar com um conservado­rismo norte-americano. “Joanne” é a prova de que La­dy Gaga é performance, seja sendo extravagante no pop ou “recatada” no country. Ele é a prova de que Gaga é muitas e pode se dar o direito de ser quantas mais quiser.

 

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