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Lady Gaga busca country em novo álbum
Em "Joanne", cantora usa tons pastéis e mostra seu lado "camaleoa" na música
Em meados de 2008 conhecemos uma figura inusitada que causava estranhamento a cada clipe lançado e a cada premiação em que ia vestida de carne ou com perucas e maquiagens extravagantes. No entanto, Lady Gaga, com o seu mais recente álbum lançado, “Joanne” (já disponível nas lojas e nas plataformas de streaming), veio vestida em tons pastéis para novamente mostrar seu lado camaleoa na música.
Este que é o quinto álbum de sua carreira e também é uma homenagem à tia de Gaga que dá nome ao disco e faleceu antes do nascimento da cantora. Ter colocado essa carga familiar já aponta para o grau mais intimista para o qual o álbum caminha. Esse lado sentimentalista e até saudosista em alguns momentos, faz com que encontremos em “Joanne” um folk que nos remete à década de 1970 e 1980 que não se mostra como algo antiquado por justamente se deixar envolver pela batida de um pop contemporâneo “desconstruído”.
“Perfect illusion”, primeiro single lançado, fez o público acreditar que a diva pop iria se aventurar agora pelos mares do rock, já que a música possui riffs pesados de guitarra e uma bateria bem presente. No entanto, a canção aponta para uma direção contrária da proposta do álbum e se mostra como uma das mais fracas, quando comparada a “Dancin’ in circles”, por exemplo, chegando a não fazer sentido na montagem do produto final.
Esse é um dos grandes problemas do CD: apesar das músicas isoladamente terem muita qualidade técnica, vocal e serem carregadas de emoção - como na música-título e em “Come to mama”-, elas não funcionam bem em conjunto, tornando a sonoridade difícil de fluir ao longo de seus quase 50 minutos. Ainda assim, as parcerias brilham neste álbum. Estão envolvidos no projeto nomes como Josh Homme, do Queens of the Stone Age, Mark Ronson (que produziu Amy Winehouse e Bruno Mars) e Florence Welch, que doa sua voz para “Hey girl” para versar sobre mulheres que ajudam outras mulheres.
Enquanto a atenção da indústria fonográfica norte-americana entre 2008 e 2010 estava voltada para o sonho adolescente de Katy Perry e as desilusões amorosas de Taylor Swift, Gaga nadava contra a maré do mercado. A cantora fez com que todos voltassem seus olhos para aquela figura excêntrica que compartilhava seus medos - de amor, de sexo, da morte - para logo depois nos ensinar a nos amarmos do jeito que somos - afinal nascemos desse jeito. E em tempos em que todos clamam para que “salvem e tragam o pop de volta”, lançar um álbum country mostra mais uma vez que ela não está nem um pouco atada a amarras mercadológicas.
Diante de tantas bandeiras levantadas em sua carreira, chega a ser simplista a visão que anda se disseminando, principalmente nas redes sociais, de acreditar que em “Joanne”, a cantora, de uma hora para outra, abandonaria todo esse ativismo. É superficial acreditar que ela jogou todo o trabalho feito em “The Fame Monster” e em “Born this way” para passar a compactuar com um conservadorismo norte-americano. “Joanne” é a prova de que Lady Gaga é performance, seja sendo extravagante no pop ou “recatada” no country. Ele é a prova de que Gaga é muitas e pode se dar o direito de ser quantas mais quiser.
Este que é o quinto álbum de sua carreira e também é uma homenagem à tia de Gaga que dá nome ao disco e faleceu antes do nascimento da cantora. Ter colocado essa carga familiar já aponta para o grau mais intimista para o qual o álbum caminha. Esse lado sentimentalista e até saudosista em alguns momentos, faz com que encontremos em “Joanne” um folk que nos remete à década de 1970 e 1980 que não se mostra como algo antiquado por justamente se deixar envolver pela batida de um pop contemporâneo “desconstruído”.
“Perfect illusion”, primeiro single lançado, fez o público acreditar que a diva pop iria se aventurar agora pelos mares do rock, já que a música possui riffs pesados de guitarra e uma bateria bem presente. No entanto, a canção aponta para uma direção contrária da proposta do álbum e se mostra como uma das mais fracas, quando comparada a “Dancin’ in circles”, por exemplo, chegando a não fazer sentido na montagem do produto final.
Esse é um dos grandes problemas do CD: apesar das músicas isoladamente terem muita qualidade técnica, vocal e serem carregadas de emoção - como na música-título e em “Come to mama”-, elas não funcionam bem em conjunto, tornando a sonoridade difícil de fluir ao longo de seus quase 50 minutos. Ainda assim, as parcerias brilham neste álbum. Estão envolvidos no projeto nomes como Josh Homme, do Queens of the Stone Age, Mark Ronson (que produziu Amy Winehouse e Bruno Mars) e Florence Welch, que doa sua voz para “Hey girl” para versar sobre mulheres que ajudam outras mulheres.
Enquanto a atenção da indústria fonográfica norte-americana entre 2008 e 2010 estava voltada para o sonho adolescente de Katy Perry e as desilusões amorosas de Taylor Swift, Gaga nadava contra a maré do mercado. A cantora fez com que todos voltassem seus olhos para aquela figura excêntrica que compartilhava seus medos - de amor, de sexo, da morte - para logo depois nos ensinar a nos amarmos do jeito que somos - afinal nascemos desse jeito. E em tempos em que todos clamam para que “salvem e tragam o pop de volta”, lançar um álbum country mostra mais uma vez que ela não está nem um pouco atada a amarras mercadológicas.
Diante de tantas bandeiras levantadas em sua carreira, chega a ser simplista a visão que anda se disseminando, principalmente nas redes sociais, de acreditar que em “Joanne”, a cantora, de uma hora para outra, abandonaria todo esse ativismo. É superficial acreditar que ela jogou todo o trabalho feito em “The Fame Monster” e em “Born this way” para passar a compactuar com um conservadorismo norte-americano. “Joanne” é a prova de que Lady Gaga é performance, seja sendo extravagante no pop ou “recatada” no country. Ele é a prova de que Gaga é muitas e pode se dar o direito de ser quantas mais quiser.
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