Arte
Livro aprofunda os significados da performance nas artes
Os autores argentinos Gonzalo Aguilar e Mario Cámara lançam pela editora Rocco "A máquina performática - A literatura no campo experimental"
Quando a literatura sai de dentro dos livros e interage com outras artes, como a visual, a música e a dramaturgia, pode virar performance. Isso aconteceu lá pelo Concretismo dos anos 1950 e pelo Tropicalismo dos anos 1970, no Brasil, quando a letra escrita deixou de ser a única forma de expressão literária, e o segmento artístico performático passou a ser de grande relevância no País. É o que observam os autores argentinos Gonzalo Aguilar e Mario Cámara, atentando, porém, para o fato de os estudos ainda serem ignorados na academia.
Afinal, o ato performático acontece uma vez e o que fica é seu registro, e não o ato em si. Diante desse registro, novos signos surgem, a depender do momento, do corpo, da voz, do espaço, tornando-se mais essenciais do que a obra em si.
Desde então, o nu sempre foi usado artisticamente ou como sinal de protesto. Os autores mencionam então o Movimento de Arte Pornô, de 1982, em que propunham uma "suruba literária", com o corpo como lugar político e criando poemas, desenhos, manifestos, ensaios e leituras referentes ao ato sexual.
A nudez foi usada como arma de experimentalismo; o prazer se tornou uma ferramenta de conhecimento e criação. "A repressão que castra nossos versos é a mesma que censura nossos corpos", disse Leila Miccolis no "Manifesto Corpofágico", inspirado no Antropofágico, de Oswald de Andrade, baseado nos tempos do nu sem culpa. Diferente da nudez do escritor Nelson Rodrigues, que sempre será castigada. Mas ao mesmo tempo desejada e apreciada, um paradoxo eterno.
Poeta e músico, Arnaldo Antunes também era performer quando dançava nos shows de sua antiga banda, os Titãs. "Os movimentos do jovem Antunes assemelhavam-se a uma dança espasmódica (...)".
Já na poesia, usa as palavras de muitas maneiras, conferindo à linguagem uma liberdade que parece roubada do indivíduo: "Pensamento vem de fora/ e pensa que vem de dentro / pensamento que expectora/ o que no meu peito penso./ Pensamento a mil por hora,/ tormento a todo momento./ Por que é que eu penso agora/ sem o meu consentimento? (...)".
Veja também

Música
Mick Fleetwood, do hit 'Dreams', segue tendência e vende os direitos de todas as suas músicas
