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Livro sobre telhado verde será lançado esta quinta no Recife

Paisagista Marcelo Kozmhinsky lança o livro “Telhados Verdes: uma iniciativa sustentável”, amanhã, na Florense, em Boa Viagem

Audiência pública nesta segunda-feira (28), na sede da Fiepe, marcada para discutir medidas de proteção do setor.Audiência pública nesta segunda-feira (28), na sede da Fiepe, marcada para discutir medidas de proteção do setor. - Foto: Divulgação

 

Ilhas de calor. Fosse um esquimó ouvindo essa expressão, poderia até soar bem aos seus ouvidos gelados, como um destino paradisíaco para ir nas férias. Mas não para os habitantes das metrópoles apinhadas de arranha-céus gigantescos e praticamente desprovidas de áreas verdes em muitos pontos críticos. Em bairros como Boa Viagem, por exemplo, onde grandes avenidas como a Domingos Ferreira e a Conselheiro Aguiar ostentam apenas o cinza do concreto e quase nenhuma árvore frondosa para contar história e prover com sombra, só os telhados verdes salvam.

A técnica não é nova, é verdade, mas ainda não pegou no Brasil, muito menos no Recife, onde existem várias ilhas de calor capazes de causar sensação térmica até 10ºC maior do que a que marcam os termômetros. Para o paisagista Marcelo Kozmhinsky, a dificuldade de inserir o telhado verde em projetos arquitetônicos e construções se deve à insegurança diante do desconhecido. Tudo seria uma questão de falta de informação que o especialista pretende sanar com o lançamento do livro “Telhados Verdes: uma iniciativa sustentável” (editora Universitária da UFRPE), assinado por Marcelo, com colaboração das pesquisadoras da UFRPE, Sara Maria Gomes Pinheiro e Soraya Giovanetti El-Deir, e é resultado do projeto de Mestrado em Engenharia Ambiental do paisagista. Trata-se da primeira publicação sobre o tema no País, que estará acessível ao público a partir de hoje, em evento na loja Florense, onde será vendido por R$ 30.

De acordo com o livro, arquiteto Le Corbusier já tinha proposto o telhado verde em 1923, quando sistematizou os cinco pontos essenciais para “A Nova Arquitetura”, entre os quais o pilotis, a planta e a fachada livres, e as aberturas horizontais. “Acredito que o telhado verde não pegou porque na época não se falava em sustentabilidade. O telhado não tinha impacto direto na vida do morador de um edifício. De fato, está fora do contexto de visualização e percepção; e quando está, é apenas visto sob o ângulo estético”, justifica Marcelo, que já projetou o telhado verde do Bar Central, em Santo Amaro, e do prédio do Softex, no Bairro do Recife.

A capital pernambucana já conta com uma legislação que prevê a obrigatoriedade da instalação de telhados verdes para edifícios residenciais e não residenciais, de acordo com a Lei nº 18.112/2015, mas falta um marco legal recomendando e orientando a iniciativa. “O ideal seria que houvesse alguma espécie de incentivo para quem planta árvores ou faz telhados verdes, como desconto em impostos. Só se introduz um hábito no dia a dia das pessoas a longo prazo ou mostrando os benefícios que a sociedade poderá obter”, sugere o paisagista.

O custo não é alto, se levarmos em conta os benefícios. Sai por R$ 200 o metro quadrado. Claro que sapecar um calorento e inóspito telhado de amianto é muito mais barato. Mas não há ganhos para o meio ambiente e os habitantes, como diminuição da temperatura, aumento da umidade do ar, redução da poluição ambiental, redução da propagação sonora e, através da captação da água da chuva, retração dos alagamentos. “Em edifícios, quando se faz a laje, se faz também a impermeabilização que, com o tempo, sofre um desgaste que poderia ser evitado com a implantação do telhado verde”, acrescenta Marcelo.

Mas é preciso escolher o telhado certo para cada necessidade. “As chuvas no Recife ocorrem geralmente de maio a setembro. Há meses, portanto, em que chove muito pouco ou nada, prejudicando as plantas. Nesse caso, é preciso escolher uma vegetação que suporte vento, sol e pouca água, para que não seja preciso aguar”, explica o especialista.

Deveríamos nos mirar no exemplo da cidade alemã de Stuttgart, que conta com cerca de 300 mil metros quadrados de telhados verdes. Claro que nada substitui o plantio de árvores no solo térreo. Mas do jeito que a população mundial aumenta em progressão geométrica - seremos mais de nove bilhões em 2050 -, vivendo espremida em centros urbanos, é bom arrumar um espacinho para o verde, nem que seja em cima das nossas cabeças, senão as ilhas de calor podem se tranformar em continentes.

 

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