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Mario Vargas Llosa continuou escrevendo mesmo após aposentadoria: "Até o último dia de minha vida"

"Le dedico mi silencio", assinado por Nobel de Literatura peruano, foi o último título publicado pelo autor, que morreu neste domingo (13)

Mario Vargas Llosa, escritorMario Vargas Llosa, escritor - Foto: AFP

Mario Vargas Llosa havia anunciado a aposentadoria em 2023. Até a página dois, talvez, a informação procedia, como ele mesmo sugeria.

O escritor peruano e Nobel de Literatura — que morreu neste domingo (13), aos 89 anos — ponderava que se dedicaria à escrita até o fim da vida.

A rigor, ele só deixaria mesmo de publicar livros. E assim o fez. À época, ressaltou que "Le dedico mi silencio" (de 2023) seria o último título inédito, com sua assinatura, nas estantes das livrarias.

O motivo? Falta de tempo. Ao jornal peruano "El Mercurio", Vargas Llosa disse demorar entre três e quatro anos para escrever um romance.

"Ainda que acredite ser um Matusalém, não espero viver tanto. Terminei essa história, pela qual tenho muito carinho, mas seguirei escrevendo até o último dia de minha vida", afirmou, naquele período.

"Agora, estou escrevendo um ensaio sobre (Jean-Paul) Sartre (1905-1980, filósofo francês), que teve muita influência em minha juventude", acrescentou.

Em um posfácio a "Le dedico mi silêncio", o escritor afirma que o romance e o ensaio sobre Sartre serão seus últimos livros publicados.

"Le dedico mi silencio" se passa no Peru e é protagonizado por um homem que sonhou um país unido pela música, mas enlouqueceu e se tornou incapaz de concluir seu livro.

Vigésimo romance de Vargas Llosa, a obra é dedicada a Patricia, sua ex-mulher, prima e mãe de seus três filhos, e foi publicada no Brasil pela Alfaguara, selo da Companhia das Letras.

Um dos maiores escritores do continente, representante do chamado "boom da literatura latino-americana", que exportou o realismo fantástico para todo o mundo, Vargas Llosa é autor de romances como "Tia Julia e o escrevinhador", "Conversas na catedral" e "A guerra no fim do mundo" (sobre o conflito de Canudos).

Ao "El Mercurio", o escritor peruano repetiu que a literatura é sua "vocação". "E se alguém não se entrega a sua vocação, vive frustrado", afirmou.

"Sempre digo que as pessoas mais infelizes que conheci foram aquelas que não faziam o que gostavam", frisou.

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