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#MeToo: Após anulação de sentença, magnata de Hollywood Harvey Weinstein volta a ser julgado

Derrubada do veredicto anterior força sobreviventes que impulsionaram movimento a testemunharem novamente contra produtor

Harvey WeinsteinHarvey Weinstein - Foto: Eduardo Munoz Alvarez/POOL/AFP

O magnata de Hollywood Harvey Weinstein enfrenta um novo julgamento a partir de terça-feira, por acusações de estupro e agressão sexual.

Como o veredicto anterior foi anulado, sobreviventes que ajudaram a impulsionar o movimento "MeToo" a testemunharem contra ele novamente.

A condenação de Weinstein por um júri em 2017 foi anulada sete anos depois por um tribunal de apelações que considerou ilegal a forma como as testemunhas foram tratadas no julgamento original em Nova York.

A anulação do veredicto do júri pela Corte marcou um revés para os sobreviventes do movimento contra a violência sexual e para a promoção da justiça para as vítimas.

O ex-chefe do estúdio Miramax será levado a julgamento pela agressão sexual da ex-assistente de produção Mimi Haleyi em 2006, pelo estupro da aspirante a atriz Jessica Mann em 2013 e por uma nova acusação por suposta agressão sexual em 2006 em um hotel em Manhattan.

Haleyi e Mann testemunharam no julgamento anterior, compartilhando depoimentos explícitos de suas interações com Weinstein.

O novo julgamento, que deve durar até seis semanas em um tribunal criminal de Manhattan, começa na terça-feira com a seleção do júri, que pode levar cinco dias, de acordo com o juiz Curtis Farber.

Weinstein, de 73 anos, disse esperar que o caso seja julgado com "um novo olhar", mais de sete anos após as investigações do New York Times e da New Yorker terem levado à sua queda e a uma reação global contra abusadores predatórios.

Weinstein cumpre uma pena de 16 anos de prisão após ser condenado por acusações separadas na Califórnia, em 2023, por estuprar e agredir um ator europeu uma década antes.

"Muito diferente"?
Produtor de uma série de sucessos de bilheteria como "Pulp Fiction" e "Shakespeare Apaixonado", Weinstein parecia frágil e magro em recentes audiências judiciais antes do julgamento.

"Será muito, muito diferente por causa da atitude da cidade de Nova York, do estado de Nova York e, creio eu, do país em geral" disse seu advogado, Arthur Aidala.

"Cinco anos atrás, quando vocês estavam aqui, houve protestos. Havia pessoas gritando: 'Ele é um estuprador'... Acho que, no geral, isso diminuiu"

Weinstein nunca admitiu qualquer irregularidade em sua conduta e sempre afirmou que os encontros foram consensuais.

As acusadoras descrevem o magnata do cinema como um predador que usava sua posição no topo da indústria cinematográfica para pressionar atrizes e assistentes por favores sexuais, muitas vezes em quartos de hotel.

Desde sua queda, Weinstein foi acusado de assédio, agressão sexual ou estupro por mais de 80 mulheres, incluindo as atrizes Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Lupita Nyong'o e Ashley Judd.

Em 2020, um júri de nova-iorquinos considerou Weinstein culpado de duas das cinco acusações — a agressão sexual de Haleyi e o estupro de Mann.

A condenação e a pena de 23 anos de prisão foram anuladas em abril de 2024.

Por quatro votos a três, o tribunal de apelações de Nova York decidiu que os jurados não deveriam ter ouvido depoimentos de vítimas sobre agressões sexuais pelas quais Harvey Weinstein não foi indiciado.

"Isso realmente reflete os desafios que as sobreviventes enfrentam na busca por justiça para agressões sexuais" disse Laura Palumbo, do Centro Nacional de Recursos para a Violência Sexual.

As três sobreviventes dos supostos crimes de Weinstein devem prestar depoimento novamente.

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