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Miró para ler, assistir e também para ouvir

Miró comemora os mais de 150 dias de sobriedade, depois de ser internado por amigos numa clínica de reabilitação.

Fanny e Alexander Fanny e Alexander  - Foto: Internet / Reprodução

Antes de morrer, a mãe de Miró da Muribeca disse ao filho que seu único caminho seria através da poesia. Em sua segunda experiência pelo selo de publicações artesanais Mariposa Cartonera, ele segue os conselhos maternos e lança nesta sexta-feira (07) o livro “O Penúltimo Olhar sobre as Coisas”, com recital no Texas Café Bar, na Boa Vista, às 19h. 


Além do livro, que estará à venda por R$ 20, o artista também disponibiliza o CD de declamação “Onde estará Norma?”, por R$ 10, além do curta-metragem sobre ele dirigido pelo cineasta Wilson Freire, chamado “Preto, pobre, poeta e periférico”. “Mergulho em questões sobre a vida. Se estou vivo depois de todos os problemas que tive com o álcool, e agora?”, indaga o artista, que se enxerga como um cronista do cotidiano ainda mais atento depois de ver de perto a morte, ao ser internado no Hospital Oswaldo Cruz, no ano passado, por causa do excesso de bebidas.
Miró comemora os mais de 150 dias de sobriedade, depois de ser internado por amigos numa clínica de reabilitação. Conquistou o direito de deixar o lugar todos os dias, mas precisa voltar antes das 22h. Sai para trabalhar, em um restaurante no Centro do Recife, e para participar de atividades que envolvam sua criação artística, a exemplo do projeto “Como nasce um poema”, que leva às universidades. “Estou sendo muito bem atendido, é uma clínica para gente de classe média, mas os amigos me ajudaram”, agradece.
Aos 56 anos, ele buscou o título do novo livro nas palavras de um dos médicos que o atendeu em sua passagem pelo hospital, de onde saiu com apenas 44 quilos. “Acho que vi a cara da morte e fiquei bem próximo dela, porque mergulhei no álcool, delirei. Após 17 dias internado, o médico me disse que teria lapsos de memória e que seria preciso foco”, recorda. “Ele me pediu para ter “o penúltimo olhar sobre as coisas” e vi poesia no que o médico falou, mas ele discordou”, conta Miró, que está cheio de interrogações e empolgado em encontrar as respostas.

 

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