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Momento de renovação na música brasileira

Artistas tentam driblar as dificuldades do mercado, como o espaço reduzido na mídia, fazendo discos bem produzidos

Antônio Campos contesta relatório final sobre acidente que vitimizou Eduardo Campos e outros cinco passageirosAntônio Campos contesta relatório final sobre acidente que vitimizou Eduardo Campos e outros cinco passageiros - Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

 

SÃO PAULO (Folhapress) - A arte não para. Enquanto grandes artistas da MPB, como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia, seguem na ativa, jovens talentosos têm levado novos ares à música brasileira. Filha de músicos, a paulistana Luísa Maita, 34, escreve boa parte das músicas que canta. “Falo do cotidiano ou de algum assunto sobre o qual estou pensando. Quero dividir minhas reflexões com o público”, conta. Ela está entre os novatos que já conseguiram, inclusive, levar sua arte para outros países. Luísa fez shows nos Estados Unidos e na Europa. “O meu primeiro álbum, “Lero-Lero”, tem estilos musicais brasileiros que já fizeram sucesso no Exterior, como a bossa nova. Por isso, o som dele conversou bem com o público de fora”, diz Luísa.

Já o cantor e compositor baiano Emerson Leal, 36, apostou em parcerias com veteranos do meio musical: escreveu uma canção com Tom Zé (“Círculo”) e outra com Luiz Tatit (“Das Flores e das Dores”). “Fiz um livro sobre as composições do Tom Zé e chamei o Tatit para escrever a introdução. Assim, me aproximei dos dois e consegui fazer uma canção com cada um. Esse tipo de parceria só leva benefícios para artistas e amantes da boa música, pois permite a união de diferentes maneiras de ver a arte”, conta Leal, que acaba de lançar seu segundo CD, intitulado “Cortejo”.

A mineira Roberta Campos, 38, por sua vez, fez parceria com artistas mais recentes do meio musical. Escreveu, com Fernanda Takai, vocalista do Pato Fu, “Abrigo”, que está no disco “Todo Caminho É Sorte”, lançado no ano passado. “Foi um trabalho feito artesanalmente, em um estúdio que parece uma casa. A presença dos convidados, como a Fernanda, o Marcelo Camelo e o Marcelo Jeneci, deu brilho a ele”, avalia Roberta. Este mesmo disco tem a canção “Minha Felicidade”, tema de abertura da novela “Sol Nascente”, da Globo.

Mudança
A cantora Héloa, 27 anos, resolveu, neste ano, trocar sua cidade natal, Aracaju (SE), pela capital paulista. Essa experiência está retratada em canções de seu álbum, “Eu”, lançado em agosto. “Tem apenas uma música minha. Mas todas as canções que escolhi de outros compositores falam de solidão e de diferenças culturais, sentimentos que tive quando fui para São Paulo”, diz a cantora, já adaptada à cidade. No álbum, ela contou com artistas que também passaram pela situação de mudança. “Cerquei-me de pessoas que melhor pudessem mostrar esse sentimento. Todos os compositores são nordestinos, e os músicos que tocam no disco vieram de diferentes estados para São Paulo”, diz.

Dificuldades
Historiador da MPB e produtor musical, o carioca Rodrigo Faour conta que há uma certa dificuldade para novos cantores aparecerem. “Ainda é muito difícil ter a sua música tocada na rádio, e a internet é um baú sem fundo, onde os conteúdos costumam se dissolver facilmente. Há, sim, cantores de qualidade espalhados pelo Brasil, mas alguns têm um espaço reduzido na mídia ou são mal produzidos.” Faour, que lançou a biografia da cantora Angela Maria, diz que, em São Paulo, é possível encontrar lugares que abrem espaço para cantores de qualidade. Ele cita como exemplo a programação dos Sescs paulistas.

 

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