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Museu da Abolição discute 130 anos do fim da escravidão no Brasil

No Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial, o museu lança o projeto Selos 2018, que contará com debates e exposições ao longo do ano

Atividades no MAB fazem referência aos 130 anos de abolição no BrasilAtividades no MAB fazem referência aos 130 anos de abolição no Brasil - Foto: Divulgação

O Museu da Abolição (MAB) lança hoje, a partir das 10h, o projeto Selos 2018, que vai abordar uma das pautas que os movimentos negros mais têm discutido desde a assinatura da Lei Áurea. Após debater as temáticas da Mulher Negra e as diversas formas de intolerância que as religiões de matriz afro-indígena têm sofrido no Brasil, o “mote” escolhido em 2018 foi a parte da escravidão que permanece até hoje no País. Todas as atividades do MAB ao longo deste ano vão se relacionar com este fio condutor de debates, que faz referência aos 130 anos de abolição da escravatura, em 13 de maio de 1888.

O lançamento da proposta é duplamente significativo: 21 de março de 1960 foi quando aconteceu o massacre de Sharpeville, durante o regime de apartheid na África do Sul. Após milhares de manifestantes irem às ruas, num protesto pacífico, a polícia sul-africana os atacou com armas de fogo, matando 69 pessoas e ferindo quase 200. A Organização das Nações Unidas (ONU), então, declarou 21 de março como sendo o Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial.

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“A ideia do selo é trazer, para dentro do museu, discussões que poucas vezes são abordadas neste tipo de espaço”, diz a museóloga Daiane Carvalho. O evento de hoje abre às 10h, com uma mesa redonda com a diretora do MAB, Elisabete Arruda, e a vice-diretora, Daiane. Em paralelo, será aberta uma instalação artística que integra desde excertos do texto da Lei Áurea até uma seleção de fotografias da mostra “O que a abolição não aboliu”.

"A ideia é questionar o saldo da abolição, mesmo tantos anos depois. Muitos dos espaços ocupados pelos negros no Brasil Colonial foram ressignificados, como a escola de samba Paraíso do Tuiuti mostrou tão bem em seu desfile no Carnaval deste ano, no Rio de Janeiro”, aponta.

Uma extensa programação já está sendo montada para o resto do ano. Em maio, por exemplo, em comemoração ao Dia da Abolição e à Semana Nacional dos Museus, vai acontecer uma ação de “repatriação digital”, trazendo de volta para Pernambuco as imagens de objetos sagrados que foram retirados à força dos terreiros de candomblé nos anos 1930 e levados, desde então, para São Paulo.

“Será uma exposição muito bonita, onde haverá um grande banco de dados que poderá ser consultado, imagens em hologramas e ações educativas e debates junto aos integrantes dos terreiros tradicionais, alguns dos quais sofreram essa violência e existem até hoje”, adianta. Daiane frisa que a programação não está completamente fechada, pois a ideia é ceder espaço para que as próprias pessoas participem e realizem eventos. “O MAB quer sair da esfera oficial e se tornar um museu não ‘para’, mas ‘da’ comunidade, dialogando e refletindo anseios e dando visibilidade às questões sociais”, explica.

Serviço:
Lançamento do Projeto Selos 2018 e da exposição "130 anos - Abolição?"
Museu da Abolição, rua Benfica, 1150, Madalena
Nesta quarta-feira (21), às 10h, com mesa-redonda
Visitação: De segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Sábado, das 13h às 17h
Entrada gratuita
Informações: (81) 3228-3248

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