Criaturinhas azuis e encantadoras que moram em uma vila isolada, os Smurfs estão na cultura pop há pelo menos 50 anos. Nascidos nos quadrinhos, eles se tornaram sensação mundial na TV, com o desenho exibido entre 1981 e 1989. Mas enquanto os bichinhos fazem parte da memória afetiva dos nascidos na época, o filme “Os Smurfs e a Vila Perdida”, que estreia nesta quinta (06), tenta cativar os não iniciados com uma linguagem simples e, por vezes, até bobinha.
A história gira em torno de Smurfette (dublada por Demi Lovato na versão original). Ela sofre com problemas de autoestima ao perceber ser a única menina da vila, e a única que ainda não encontrou sua aptidão especial (cada Smurf é especialista em uma área).
Ela então acaba sendo capturada pelo malvado Gargamel, que ainda tenta capturar os Smurfs para absorver seus poderes. É então que ela descobre a existência da tal vila perdida, onde outros Smurfs (todas do sexo feminino) vivem isolados do resto do mundo. A trama do filme lida com clichês, como a moral de que “ser diferente é o que te faz especial”, mas que são justificáveis se levado em conta o público alvo.
“Os Smurfs e a Vila Perdida” é a terceira adaptação cinematográfica da franquia. A produção serve como uma espécie de reboot da franquia, que nos dois filmes anteriores (2011 e 2013) ainda tinha certo grau de inovação ao misturar as criaturas com atores de carne e osso. Em “A Vila Perdida”, no entanto, a sensação que fica é que é um filme produzido única e exclusivamente para o público infantil. O que é agravado quando, por outro lados, produções da Pixar e DreamWorks conseguem divertir a criançada e, ainda assim, dar um certo grau de profundidade dramática que também atrai os mais velhos.
A jornada de autodescoberta pode ser comparada, por exemplo, a “Divertida Mente”, da Pixar. Mas enquanto este se propõe o desafio de traduzir de forma inteligente conceitos complexos das emoções e da personalidade humana, “Smurfs” apenas arranha a superfície emocional, tratando também, mas sempre de leve, em temas como sexismo.
Um ponto que vale ser destacado, no entanto, é o sucesso da equipe de roteiristas em cativar a nova geração de crianças que não cresceu familiarizada com os Smurfs, não sendo necessário, então, ter qualquer conhecimento prévio sobre as aventuras das criaturinhas. O filme, então, é programa divertido para a garotada, mas deve arrancar um cochilo ou outro dos pais.